Adversária do Brasil, Suíça quer ampliar fama de algoz de favoritos na Copa
A seleção suíça carrega a fama de montar defesas robustas, capazes de impedir que os mais qualificados adversários sofram. Já foi eliminada de uma Copa do Mundo (a de 2006) sem levar gols.
Os empates e vitórias magras perseguem a equipe, mas os ventos sopram de maneira a querer desmistificar o "ferrolho suíço", principalmente no atual ciclo para o Mundial do Catar. No Oriente Médio, os suíços reencontram o Brasil na segunda rodada, dia 28 de novembro, às 13h. A série ‘Adversários do Brasil’, do Estadão, já tratou da Sérvia e se debruçará sobre Camarões, os outros integrantes do Grupo G.
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Os últimos compromissos da seleção suíça foram na Liga das Nações da Uefa. A equipe terminou na terceira posição, em um grupo com Espanha, Portugal e República Checa, somando três vitórias e três derrotas. Nos seis jogos em questão, a Suíça teve uma média de 44% de posse de bola, com apenas três chutes na direção do gol por jogo e sofrendo cinco finalizações. Apesar de conseguir reduzir as chances dos adversários, a Suíça tem dificuldade para criar no ataque. Seus rivais mais fortes precisam ter paciência.
Na Eurocopa, em 2021, a Suíça não fez uma boa fase de grupos, mas surpreendeu no mata-mata, com o goleiro Sommer como grande destaque. Nas oitavas de final, desbancou nos pênaltis a França, atual campeã mundial. Nas quartas, segurou o empate com a seleção espanhola e levou o jogo para as penalidades, mas acabou eliminada. O jogo também marcou a despedida do técnico bósnio Vladimir Petkovic do comando técnico da equipe. Ele foi substituído pelo ex-zagueiro suíço Murat Yakin após oito anos como treinador da seleção suíça.
Desbancando favoritos
A seleção suíça vai para a sua quinta Copa do Mundo consecutiva, um feito jamais alcançado pelo país. Desde 2006, a Suíça se tornou uma pedra no sapato de grandes favoritos ao título. Na Alemanha, segurou na estreia um 0 a 0 com a França, que viria a ser vice-campeã, e ainda terminou na liderança do Grupo G (composto também por Togo e Coreia do Sul).
Na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, a Suíça novamente fez sua partida inaugural com uma das protagonistas do torneio. Diante da futura campeã mundial Espanha, ganhou por 1 a 0 e colocou dúvidas sobre o time de Iniesta e Xavi. Tropeços contra Chile e Honduras, porém, fizeram os suíços se despedirem ainda na primeira fase daquela disputa no país de Nelson Mandela.
Em 2014, no Brasil, os holofotes se arrefeceram. Derrota por 5 a 2 para a França na fase de grupos e queda nas oitavas de final diante da Argentina, por 1 a 0. Mas em 2018, os disjuntores voltaram a ligar e a Suíça empatou com o Brasil por 1 a 1 na largada da Copa da Rússia. No Catar, a seleção suíça terá nova oportunidade de frustrar os planos brasileiros. "Estamos em um grupo muito forte em que o Brasil é favorito. O Brasil tem uma quantidade enorme de jogadores muito bons. Para eles, avançar de fase é quase uma obrigação", afirma o técnico Murat Yakin, em entrevista à Fifa.
Para chegar ao Oriente Médio, os suíços empurraram a Itália, campeã europeia, para a repescagem. Nas Eliminatórias da Copa, liderou o Grupo C, com cinco vitórias e três derrotas. Contra os tetracampeões, seguraram dois empates que foram cruciais para a classificação direta dos suíços para a Copa do Catar.
Outras copas
A seleção suíça participou de outras 11 edições de Copas do Mundo. A melhor classificação foi para as quartas de final, em 1934, 1938 e 1954, em que sediou o evento. Apenas em quatro ocasiões foi eliminada ainda na fase inicial (1950, 1962, 1966 e 2010).
Elenco entrosado
Os suíços têm investido em melhorar o ambiente do grupo para chegar à Copa com muito foco e coesão entre os atletas. Além do futebol, o elenco se reuniu nas Datas Fifa em atividades descontraídas e até organizou um fim de semana com as famílias.
A seleção suíça está em um dos atos finais de uma geração. A maioria dos jogadores é composta por atletas com mais de 25 anos O goleiro Sommer (33 anos), o lateral-esquerdo Ricardo Rodríguez (30), os meias Shaqiri (31) e Xhaka (30) e o atacante Seferovic (30) são figurinhas carimbadas do time.
Novos expoentes, porém, estão ganhando espaço no contexto do futebol europeu. O atacante Breel Embolo, de 25 anos, chegou ao Monaco nesta temporada após passagem bem-sucedida no futebol alemão, pelo Borussia Mönchengladbach e Schalke 04. No clube francês, anotou seis gols em seus 13 primeiros jogos.
Djibril Sow também tem 25 anos e foi campeão da Liga Europa com o Eintracht Frankfurt na última temporada. O meia tem ganhado expressão com o título continental e esteve no radar de clubes da Premier League. Uma transferência pode ser acertada dependendo de seu desempenho na Copa.
Estratégias
O objetivo da Suíça na Copa do Mundo do Catar não é apenas dificultar a vida das principais seleções, a começar pelo Brasil Apesar das dificuldades, por encontrar seleções brasileira e sérvia melhores do que em 2018, o objetivo é chegar ao menos às quartas de final.
O técnico Murat Yakin confia que, tendo todos os principais jogadores à disposição, poderá lutar por uma boa colocação no Mundial. "Queremos chegar o mais longe possível em todos os torneios. Jogamos em um grupo difícil. Se todos os jogadores estiverem aptos, certamente podemos conseguir muito. Medimos forças com os melhores da Europa na Liga das Nações. Cada jogo é um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma boa oportunidade para vermos onde estamos. Jogamos em condições competitivas e podemos tirar conclusões importantes neste ano de Copa do Mundo", afirmou o treinador à Fifa.
A seleção suíça estreia na Copa do Mundo do Catar no dia 24 de novembro, às 7h, diante de Camarões. O segundo compromisso será contra a seleção brasileira no dia 28, às 13h. Em 2 de dezembro, às 16h, encerra a fase de grupos enfrentando a Sérvia. O Estadão conta tudo para você sobre a Copa do Catar.