Massa indiana incendeia chegada da seleção a Doha e “desafina” coro brasileiro
A torcida para a seleção ganhou extravagantes contornos internacionais na noite deste sábado (19), na chegada da delegação brasileira a Doha, capital do Catar.
Por volta das 22h, horário local, torcedores com a camisa amarela começaram a ocupar a lateral do luxuriante Westin Doha Hotel & Spa, cinco estrelas com praia privativa que será a casa da equipe de Tite durante o Mundial.
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O ônibus com Neymar e companhia chegaria duas horas depois, por volta de meia-noite. Intervalo de tempo suficiente para formar um insólito “embate” entre os brasileiros e os fanáticos e implacáveis indianos - 25 % da população do país é formada por migrantes da Índia, cerca de 700 mil.
O Catar chegou a ser acusado de pagar "torcedores falsos" para a Copa, mas nega as alegações.
“Brésil, Brésil, Brésil”, cantavam sem parar e com distinto sotaque os torcedores da Índia. “Neymar, Neymar”, emendavam, criando um ruído constante e sem ritmo que atrapalhava a tentativa brasileira de entoar uma música completa em português.
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O cenário já era confuso o suficiente quando, de repente, um saxofonista sobe em uma pequena estrutura de concreto e tenta, com pulmões furiosos, embalar a massa discrepante. Ninguém o acompanha. Aos poucos, o bravo aspirante a “Saxman da Copa” desiste.
“Brésil, pam, pam, pam”, seguiam os indianos em êxtase, aos poucos dominando a pequena arena por completo.
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Os brasileiros reagiam com bravura. Uma música era puxada, ganhava altura: “Mil gols, mil gols...”. O sujeito do sax entrava no ritmo e tentava se enturmar, vislumbrava mais uma chance de brilhar.
Mas era temporário. Os indianos dominavam o som e o espaço. Subiam no muro lateral, penduravam-se de onde fosse possível, esmagavam-se por um lugar na primeira fila.
Uma bandeira gigante de Pelé surge, um Neymar imenso de papelão treme, é passado de mão em mão. Um bumbo incessante e sem ritmo embala o que virou um Carnaval de Mumbai.
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Quando a seleção chega, as
primeiras fileiras estão quase que exclusivamente tomadas por indianos. É provável
que Neymar tenha dado uma espiada pela janela e visto um grupo de rapazes de
Kerala de verde e amarelo.
Tudo acaba rapidamente, a massa se dissipa em minutos e, a uma quadra dali, a caminho do metrô, Doha dorme em silêncio, como se amanhã não houvesse uma estreia de Copa do Mundo.