Jornalista americano morre durante cobertura da Copa; irmão acusa assassinato
O jornalista esportivo americano Grant Wahl, de 48 anos, que estava no Catar para realizar a cobertura da sua oitava Copa do Mundo na carreira, morreu nesta sexta-feira (9), após a partida entre Argentina e Holanda pelas quartas de final do Mundial.
Não há informações conclusivas sobre a causa da morte do jornalista, considerado uma das principais referências do país na área da cobertura esportiva. A imprensa americana e agências internacionais informam que o profissional passou mal durante a prorrogação do jogo, realizado no Lusail Stadium. O irmão da vítima, Eric, porém, contesta a versão e acredita que Wahl tenha sido assassinado.
Testemunhas que estavam próximas a Wahl na tribuna de imprensa do estádio relatam que o jornalista caiu para trás com a sua cadeira, enquanto o jogo estava na prorrogação. Outros repórteres descrevem que trabalhadores dos serviços de emergência o socorreram de forma rápida, mas que, momentos depois, os profissionais de imprensa receberam a notícia de que o americano havia morrido.
Na última segunda-feira (5), Wahl escreveu que precisou visitar um hospital porque não estava se sentindo bem.
"O que tinha sido um resfriado nos últimos 10 dias se transformou em algo mais severo na noite do jogo Estados Unidos x Holanda (pelas oitavas de final), e eu podia sentir minha parte superior do peito assumir um novo nível de pressão e desconforto", escreveu o jornalista.
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"Eu não tinha Covid (faço exames regularmente aqui), mas fui hoje à clínica médica do principal centro de mídia e disseram que provavelmente tenho bronquite. Eles me deram antibióticos e um xarope para tosse forte, e já estou me sentindo um pouco melhor algumas horas depois", completou.
No começo do Mundial, o jornalista relatou em suas redes sociais que fora detido no Ahmed bin Ali Stadium, palco do duelo, antes da partida entre Estados Unidos e País de Gales, pela primeira rodada Copa, por estar vestindo uma camiseta com a estampa de um arco-íris. O Catar tem adotado uma política de repressão às manifestações em favor do movimento LGBT+.
Posteriormente, o jornalista voltou às redes sociais para atualizar o caso e revelou que conseguiu entrar no estádio, após ter ficado detido por quase meia hora.
"Estou bem, mas foi uma provocação desnecessária. Estou na área destinada à imprensa, ainda vestindo minha camiseta. Fiquei detido por quase meia hora Vamos, gays", escreveu.
Irmão acusa assassinato
Segundo Eric Wahl, irmão de Grant e que é gay, o jornalista foi ao estádio com a camiseta para apoiá-lo.
"Eu sou a razão por ele ter usado a camiseta com o arco-íris na partida da Copa do Mundo", disse Eric, em um vídeo postado em sua conta no Instagram.
Na publicação, ele afirma que o irmão era saudável e que e acredita que Grant tenha sido morto, e não vítima de alguma doença.
"Meu irmão era saudável. Ele me disse que recebeu ameaças de morte. Não acredito que meu irmão acabou de morrer. Eu acredito que ele foi morto. E eu apenas imploro por qualquer ajuda", disse.
Homenagem
O ativismo de Grant Wahl, aplicado no jornalismo que o experiente repórter praticava, foi lembrado pela Federação Americana de futebol que, por meio de nota, lamentou a morte do jornalista.
"Tão importante quanto isso foi a crença de Grant no poder do jogo para promover os direitos humanos. Isso foi e continuará sendo uma inspiração para todos. Grant fez do futebol o trabalho de sua vida, e estamos arrasados que ele e sua escrita brilhante não estarão mais no futebol dos EUA, que envia suas mais sinceras condolências à mulher de Grant, Dra. Celine Gounder, e todos os seus familiares, amigos e colegas na mídia", escreveu a entidade.
Celine Gounder, esposa de Wahl, agradeceu as homenagens e disse estar devastada com a morte do marido.
"Muito agradecida pelo apoio da família do futebol e de muitos amigos que nos abordaram hoje à noite. Estou completamente em choque".