Griezmann se reinventa como meia e volta a ser fundamental na seleção francesa
Não há muitas dúvidas de que Kylian Mbappé é o jogador mais badalado da França, mas o mesmo não se pode dizer no debate sobre quem é o melhor da seleção nesta Copa do Mundo do Catar. Com três assistências e atuações cerebrais no meio de campo, Antoine Griezmann se tornou peça fundamental na campanha que levou a equipe a mais uma final, neste domingo, contra a Argentina. Pelos pés dele passam as principais ações de jogo no time de Didier Deschamps.
Griezmann já havia sido essencial na Copa da Rússia, quando marcou quatro gols e deu outras quatro assistências. Seus números finais agora são mais modestos, mas a importância dele para a França cresceu. Depois de passar quase toda a carreira como segundo atacante, tem atuado no Mundial mais recuado. É armador e, se precisar, volante.
"Sou bastante livre na forma como me relaciono com defesa e ataque", diz o jogador de 31 anos. "Na hora de defender, tenho de ajudar meus companheiros. Quando temos a bola, tenho de tentar jogar o melhor que posso. Isso me dá mais opções. Fisicamente, me sinto ótimo e, quando estou me sentindo bem, minha cabeça também fica muito melhor e é mais fácil continuar fazendo isso."
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Uma consequência direta desse seu reposicionamento em campo está na falta de gols. Entrando menos na área, Griezmann também finaliza menos e parou de marcar. Na semifinal com o Marrocos, ele alcançou um jejum de 14 partidas sem gols pela França.
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Por outro lado, as duas assistências dadas nas quartas de final diante da Inglaterra o transformaram no maior garçom da história da seleção, com 28 passes para gol - um a mais do que Thierry Henry.
Reconhecimento
Isso também sustenta o elogio do presidente francês, Emmanuel Macron, que na quarta-feira foi ao vestiário da equipe após a classificação à final. Exultante, cumprimentou cada um dos jogadores e chamou Griezmann de "generoso".
As atuações têm sido tão convincentes que até quem seria o dono natural da posição tem elogiado. Logo após a vitória sobre o Marrocos na semifinal, jogo em que Griezmann foi eleito o craque da partida, Pogba postou numa rede social o neologismo "GriezmannKante", como se o atacante do Atlético de Madrid espanhol tivesse incorporado o volante do Chelsea. Tanto Pogba quanto Kanté ficaram de fora da Copa do Mundo por causa de lesão.
Talento
Para o técnico Didier Deschamps, Griezmann tem sido um dos grandes nomes desta Copa do Mundo por estar conseguindo demonstrar de forma efetiva uma necessidade básica para se estar num Mundial: talento.
"Ele é o tipo de jogador que pode realmente mudar um time porque trabalha duro e é muito talentoso tecnicamente", considera o técnico.
"Griezmann está desempenhando um papel um pouco diferente nesta Copa do Mundo, mas que combina bem com ele. Ele gosta de defender tanto quanto de atacar."
O jogador também demonstra estar mais ciente da importância do foco num Mundial. Após a vitória sobre o Marrocos, ele comparou o resultado com a classificação à final na Copa da Rússia, quando a França superou a Bélgica.
"Aquela vez, chorei. Acho que agora estou mais focado", disse Griezmann. "Já estou focado na final de domingo. Estou tentando manter os pés no chão, manter a compostura, focar na recuperação e me preparar para a partida."
As apresentações acima da média no Catar jogaram novamente os holofotes para um atleta que passou o ano em baixa. Depois de fazer história no Atlético de Madrid e ajudar a colocar o clube na vitrine do futebol mundial há poucos anos, Griezmann teve uma passagem apagadíssima pelo Barcelona e retornou à equipe de Madri sob desconfiança. Tanto que passou boa parte dos jogos como opção no banco.
Seu status, certamente, irá mudar quando o futebol espanhol retomar seu calendário após a Copa do Mundo. De reserva de luxo, Griezmann irá se tornar mais uma vez titular absoluto do clube madrilenho. Resta saber se como atacante ou meio-campista. A única certeza é que ele é capaz de dar conta do recado.