Gatos são milhões e dominam ruas do Catar, enquanto cachorros são raridade
Basta caminhar dez minutos pelas ruas da capital Doha para encontrarmos pelo menos um gato pelo caminho.
Nos muros das casas há pratinhos com ração e os próprios turistas alimentam e afagam os animais.
Por outro lado, não se vê um cachorro de rua sequer por parte alguma. Em 17 dias, vi somente dois cães, em ambas as ocasiões de raças caras, puxados pelos donos por coleiras.
A população de
gatos do Catar é imensa. Segundo a Unidade de Controle de Gatos do país, há entre
2 e 3 milhões de felinos, ou seja, há quase um gato para cada humano,
considerando que a população do país árabe é de 2,9 milhões.
Além de questões religiosas e culturais, a presença dos gatos em Doha remonta a um problema de saúde pública.
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Um estudo da Universidade Hamad Bin Khalifa aponta que eles foram trazidos para o país pelas autoridades na década de 1960 para ajudar a controlar um problema de infestação de ratos.
Aliás, os roedores, de tamanho considerável, ainda são vistos em cantos da cidade, revirando lixeiras.
No entanto, os gatos acabaram se proliferando indiscriminadamente e se tornaram, eles próprios, um problema.
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De acordo com o
mesmo estudo científico, os registros de hospitais locais indicam que a toxoplasmose,
infecção causada por um protozoário encontrado nas fezes de gatos e cachorros, atinge
mais de 40% dos idosos locais.
Islamismo, gatos, cachorros e denúncias no Catar
Uma questão cultural também favorece a abundância de gatos no Catar.
No Islamismo, eles são vistos como animais sagrados e admirados pela própria limpeza. A consideração pelos gatos os fazem ser admitidos em casas e até mesquitas.
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Por outro lado, dentro da mesma perspectiva religiosa e cultural, os cachorros são vistos como animais impuros.
A tradição indica que até mesmo avistar um cachorro durante um momento de prece poderia anular as súplicas de um muçulmano.
No entanto, além
destas questões de tradição, ONGs têm denunciado o governo do Catar por ter
retirado das ruas do país milhares de gatos e cachorros, sem apontar o destino
dos animais.
Na Copa de 2018, a Rússia já havia sido acusada de massacrar os cachorros de rua antes da chegada dos turistas ao país, para a “limpeza” das cidades.