Foi na Copa que descobri que homem também chora (por bobagem)
Foi na Copa do Mundo de 86, no México, que eu descobri que homens adultos também choravam. Estava num churrasco com meus pais, o Brasil foi varrido pela França, nos pênaltis, após 1 a 1 no tempo normal, e mesmo o fracasso daquele conjunto, uma versão depenada do time sensação de 82, comoveu alguns.
Vi algumas lágrimas de decepção escorrerem, timidamente, assim que a disputa na marca da cal se encerrou. Quatro anos depois, ainda se alimentava a expectativa de que craques como Zico, Sócrates e Júnior fossem eternizados pela glória mundialista. O desfecho, entretanto, ficou entre o triste e o patético.
Zico cumpria luta, inglória, contra as dores no joelho. O Magrão desfilava a mesma elegância, mas igualmente sofria fisicamente. E se o bigode de Júnior preservava a pelagem preta, o cabelo, não mais. A segunda tentativa do time de Telê Santana, então, terminou nas quartas de final.
Aos 7 anos, achei aquela reação ao fracasso esquisita. Embora não conhecesse nada sobre fracasso, nem tivesse visto, ainda, tantas coisas esquisitas. Com o tempo, percebi que é possível, sim, envolver-se emocionalmente com o esporte ao ponto de despencar no choro, seja um pranto detonado por alegria ou tristeza.
Já rodado, se o choro é livre, sempre, qualquer ilusão com a seleção brasileira parece ter sido soterrada, definitivamente, no 7 a 1, quando tragédia e comédia se confundiram. Pesam, ainda, a mercantilização do futebol, os clubes agora seleções transnacionais, a estridência das mídias.
Assim, choro pelo Brasil, choro por Copa do Mundo, só pra quem, como eu aos 7 anos, ainda não conheceu o fracasso absoluto.