Erasmo Carlos primeiro, Messi e Mbappé depois
Messi e Mbappé que esperem. Erasmo Carlos deve vir bem antes. Embora imortal, morreu. Um dia, pegou o violão e em dez minutos, chorando pelo amor que o despreza, “sentado à beira do caminho”, introduziu em nossas vidas essa obra prima:
“... vem a chuva molha o meu rosto e então eu choro tanto/Minhas lágrimas e os pingos dessa chuva se confundem com meu pranto/Olho para mim mesmo, me procuro e não encontro nada/Sou um pobre resto de esperança na beira de uma estrada...”.
Deu pena de Messi na derrota da Argentina para a Arábia Saudita, 2x1. Lembrei de uma crônica do jornalista espanhol José Sámano, do El País: "Messi na Argentina: um Picasso na cozinha".
De fato, o que se vê é um Messi de atos aflitivos, como se concordasse com o desamor técnico e tático do time argentino. E, o mais grave, essa Argentina que apareceu no Catar não tem o espírito de competição, que somado a técnica argentina, resultava em um grande campeão.
Quando se for comparar Messi a Maradona, teria que voltar ao tempo. Maradona era único, mas não era só. Tinha Pumpido, Ruggeri, Burruchaga, Giusti e Jorge Valdano. E era comandado pelo médico Carlos Bilardo.
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À certa altura da goleada da França sobre a Austrália (4x1) perguntei-me se Neymar estava vendo Mbappé jogar. O placar já estava 3 a 1, quando há o privilégio do descanso. Mas, Mbappé continuava a recuar para cobrir, a driblar para cruzar e a entrar no meio para marcar.
Sua força espiritual somada à sua renúncia a fama, resulta que o seu talento torna-o mortal. E faz a França mostrar que um campeão começa uma Copa do Mundo jogando como campeão.