Era Tite se encerra na seleção com decepções acima dos bons números
O fracasso do Brasil na Copa do Mundo do Catar encerra uma Era Tite marcada por números superlativos, mas resultado final decepcionante. Contra a Croácia, o treinador conheceu apenas a segunda eliminação da seleção em seis anos e 81 jogos. A queda anterior aconteceu na Copa da Rússia, há quatro anos, diante da Bélgica, também nas quartas de final.
No total, Tite soma apenas seis derrotas em sua passagem pela equipe nacional, três em jogos oficiais. A queda desta sexta não entra na conta porque houve empate sem gols no tempo normal.
Assim, seis anos e meio após assumir a seleção, o técnico deixa o comando da equipe apenas com o título da Copa América de 2019 no currículo.
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Tite anunciara ainda no primeiro semestre que deixaria a seleção ao final da Copa do Mundo, mas a eliminação nas quartas de final do Catar - mesma fase em que caiu na Rússia em 2018 - tornou sua situação insustentável de qualquer forma.
Único técnico a comandar o Brasil em dois Mundiais seguidos mesmo tendo falhado no primeiro, ele aproveitou mal a segunda chance. Não bastasse perder para uma seleção africana pela primeira vez na história das Copas na primeira fase, a queda desta sexta ocorreu diante de uma seleção que em momento algum foi apontada como candidata ao título.
Os dois fracassos contrastam com o status de sua chegada, em junho de 2016. À época, Tite era quase uma unanimidade. Tanto que condicionou sua contratação à de Edu Gaspar, seu "chefe imediato" na hierarquia da seleção brasileira. Impôs um modelo de trabalho próprio, passou a bater ponto diariamente na sede da CBF e inflou o estafe da seleção - na Rússia e no Catar, a delegação brasileira contou com cerca de 60 pessoas.
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O desempenho naquele seu primeiro ciclo foi irretocável, e até em função disso que o treinador foi mantido no cargo mesmo com a eliminação para a Bélgica - uma seleção em ascensão - na Copa da Rússia.
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A derrota naquele Mundial, porém, tirou a carta branca de Tite junto à CBF. Responsável pelo novo contrato, o ex-presidente Rogério Caboclo também tirou a carta-branca de Edu Gaspar e tentou emplacar Xavi para ser auxiliar de Tite, já pensando em fazer do espanhol seu sucessor. O hoje técnico do Barcelona recusou a proposta.
Gaspar saiu, Juninho Paulista virou coordenador da seleção brasileira, e a comissão técnica do Brasil seguiu praticamente a mesma - a não ser o fato de Matheus Bachi, filho do treinador, ter se tornado um de seus auxiliares mais próximos no campo, função que na primeira parte da Era Tite coube a Sylvinho.
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O ciclo para o Mundial do Catar foi marcado pela pandemia, calendário espremido e ausência quase que total de confrontos com europeus. Nesse contexto, os números seguiram a favor de Tite, que encerrou as Eliminatórias Sul-Americanas em primeiro lugar, invicto e com recorde de pontos na história - foram 45 conquistados em 17 jogos, com 14 vitórias e três empates.
Mas, assim como acontecera em 2018, os bons resultados nas Eliminatórias não encontraram reflexo na Copa do Mundo. O Brasil encerrou a primeira fase no Catar com apenas três gols marcados em três partidas, incluindo a derrota por 1 a 0 para Camarões. A vitória nas oitavas por 4 a 1 deu algum fôlego, mas o respiro extra só foi suficiente até esta sexta-feira.