Entre dunas, camelos e o golfo pérsico: dia sem Copa é um convite ao deserto do Catar
É início de tarde de quarta-feira e o jipe corta o congestionamento de Doha. O céu está nublado e há fumaça e som de motores.
É o primeiro dia sem jogos desde o início da Copa do Mundo e todos os caminhos apontam para a mesma direção: o deserto do Catar.
O passeio de 4 horas para a região de dunas, camelos, um mergulho no golfo pérsico, um pôr do sol e a visão da fronteira com a Arábia Saudita custa, em média, 100 dólares.
Vencido o trânsito perene da capital, o carro rapidamente se aproxima da região desértica.
Deixando a cidade, há imensos condomínios de prédios baixos recém-construídos e ainda vazios, aparentemente no meio do nada: quem vai morar neles?
Agora já não há uma nuvem no céu e o sol arde forte, quando passamos pelo porto da vizinha Al Wakrah.
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A estrutura rodoviária do Catar é de primeiro mundo e o jipe desliza suavemente no asfalto ardente. Ao redor, tudo é areia, pó e indústria de gás natural.
Grandes complexos de extração de gás natural no meio do deserto garantem a riqueza do país, que possui uma das maiores reservas do planeta.
Altas torres metálicas despejam fumaça no céu azul. “Estão extraindo ouro”, brinca o motorista indiano, Fayiz.
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Cruzamos parte de Al Wakrah, cidade que consiste basicamente em prédios baixos residenciais, comércio e escolas internacionais bilíngues. Fayiz para o carro em um posto de gasolina, calibra os pneus e, num piscar de olhos, estamos em frente às dunas brancas e camelos.
Rapidamente a experiência de imersão cultural introspectiva se transforma em um choque de vendedores tentando empurrar roupas, lenços para a cabeça, todo tipo de quinquilharia, animais empalhados, uma foto com falcões. O comércio do deserto fervilha.
Os argentinos dominam a área. Estão em todos os cantos do país. Mas há também alguns brasileiros. O passeio nos camelos não está incluído no preço inicial e custa outros R$ 140.
Por 20 minutos, você é conduzido por um árabe do deserto areia acima e a visão é deslumbrante: dunas infinitas expandem-se de um lado, enquanto do outro brilham as águas profundas do golfo pérsico, ou golfo arábico, como é chamado por aqui.
Na sequência voltamos
ao jipe e Fayiz vira piloto, subindo e descendo as encostas com agressividade e
diversão. Há piscinas entre as dunas, chamadas mares interiores, espelhos que
refletem o sol do fim de tarde.
Um pouco mais adiante e já estamos no ponto em que se vislumbra a fronteira com a Arábia Saudita, em montanhas distantes. Há uma extensa praia. O sol desce vermelho e se esconde atrás de um monte de areia.
Em um piscar de olhos tudo está escuro e a lua cheia brilha branca no céu das 5 da tarde. É hora de calibrar os pneus novamente e voltar para Doha, voltar para a Copa.