Seleção brasileira

Entenda gravidade da lesão de Neymar e em quanto tempo ele deve voltar

Neymar lesionou o tornozelo contra a Sérvia, na estreia

Após sair de campo chorando no confronto contra a Sérvia pela Copa do Mundo, Neymar deixou os torcedores brasileiros preocupados com uma possível lesão grave no tornozelo, que traria riscos de deixar o craque de fora do resto da competição. As primeiras previsões é de que um retorno seria, no mínimo, somente no mata-mata, caso a seleção avance. As imagens iniciais e os movimentos do atacante causaram discordância entre médicos ortopedistas e do esporte.

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Geralmente, quando um atleta se machuca na região de modo com que tenha que se ausentar durante vários meses, ele não consegue nem caminhar. O atacante não só andou até o banco de reservas como ainda estava jogando no segundo gol da Canarinho. Caso se confirme a baixa gravidade nos próximos dias, o tempo de volta aos gramados deve girar em torno de sete a dez dias. Se for de grau 2, depende do local de lesão do ligamento, e se confirmar grau 3, ele está fora do torneio.

Dentro dos ligamentos, existem receptores responsáveis por nos orientar ao pisar em locais que possam propiciar uma torção, como buracos e desníveis – a chamada “propriocepção”. Quando há a lesão no local, o indivíduo perde parte dessa capacidade, que deve ser restaurada com o tempos através de fisioterapia. Nos piores casos, a entorse pode evoluir ou apresentar instabilidade.

O que define o tempo de reabilitação e o quanto desse aspecto foi afetado é a resposta inflamatória no dia seguinte. Segundo Fabiano Nunes, médico ortopedista da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), isso também é avaliado para o tratamento.

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“Inicialmente, é repouso, gelo e reabilitação o mais precoce possível” disse. “Antigamente, a gente deixava o paciente completamente parado, sem fazer nada. Hoje, na medida do possível e da dor, tentamos a reabilitação o para que ele volte à atividade o quanto antes”.

No caso de Neymar, a reação corporal ao se machucar indica que não houve ruptura. “Como ele saiu andando, pisando e irão tentar fazer o tratamento, deve ter sido um entorse com lesão ligamentar leve. Provavelmente, uma pequena distensão. Senão, já estaria fora da Copa”, comentou.

Já Carlos Daniel Cândido, médico do esporte e cirurgião de pé e tornozelo nos hospitais São Camilo, Albert Einstein, Samaritano e da rede Américas, não vê as imagens com a mesma opinião. Para ele, a possibilidade da seleção perder o craque é real.

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“Acredito que, pela energia do trauma, movimento do tornozelo e imagem final ao encerramento do jogo, tenha sido uma entorse grau 3, com lesão ligamentar principalmente do ligamento fibulo talar arterior, que é um dos ligamentos mais lesados durante as torções do tornozelo”, disse.

Mesmo uma contusão menos grave pode deixar o atleta de fora por mais tempo do que o inesperado, pois também deve ser avaliada como está a dor na localidade, mesmo após a recuperação. Em caso de andada, corridas e pisadas confortáveis, se estima um tempo de recuperação de, em média, sete a dez dias, o que deixaria o atacante apto a disputa o mata-mata, caso o Brasil se classifique.

Outro fator determinante no tratamento é a condição física do lesionado. No caso de jogadores de alto rendimento, que já estão acostumados a fisioterapias e reabilitações, o tempo de ausência costuma ser menor e mais bem definido. “Eles recuperam-se mais rapidamente por três motivos: preparo física melhor, metabolismo mais acelerado e dedicação total e exclusiva de uma equipe médica de ponta”, reitera Roberto Ranzini, médico do esporte e ortopedista e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

“Para um atleta de alto nível, e dependendo da contusão, é possível uma recuperação em dez dias. Evidente que, com cautela e avaliação diária rigorosa, é possível uma recuperação mais acelerada”, complementou. Junto a isso, os profissionais também tem uma memória muscular e trabalho articular bem feito, com menos vícios na hora de caminhar e fazer movimentos. Um paciente bem nutrido, bem suplementado, com níveis proteicos normais e teoricamente muito bem acompanhado tende a responder melhor.

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No entanto, mesmo alguém com um corpo “preparado” para adversidades do tipo deve seguir a reabilitação, principalmente jogadores de futebol, que devem retornar ao alto rendimento em breve, pois um agravamento pode levar até ao encerramento da carreira. “Caso o tratamento não seja adequado e muito sério, pode levar a condições catastróficas da articulação do tornozelo”, alerta Cândido.

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“Tendo em vista os ex jogadores de futebol Batistuta e Van Basten, ambos aposentados, de certa forma, precocemente por artrose do tornozelo e instabilidade da articulação, os pacientes devem seguir as orientações médicas e o tratamento proposto em cada caso”, adicionou. Exemplos de recuperação são o uso de imobilização pelo tempo proposto, fisioterapia pelo tempo adequado e restrição de atividades até ordem médica.

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