Criticado, Catar espalha propaganda de Comitê de Direitos Humanos na Copa
Acusado de tentar utilizar a Copa do Mundo como ferramenta para melhorar a própria imagem perante o mundo, o governo do Catar tem investido forte nas propagandas de um Comitê Nacional de Direitos Humanos durante a disputa da competição.
Os anúncios estão espalhados por estações de metrô e pontos de ônibus, com telefones para denúncias e uma linha direta que supostamente funciona 24 horas por dia.
"Futebol é uma cultura de paz e respeito por direitos humanos", diz uma delas.
Perto do parque Al Bidda, um dos principais da capital Doha, fica a sede do órgão: um prédio alto com um imenso letreiro no topo, destacando-se na região.
Oficialmente, o Comitê foi fundado em 2002 pelo governo local, “com a responsabilidade de supervisionar e conduzir investigações sobre abusos de direitos humanos no país”.
Catar foi acusado de "escravidão moderna" em obras para a Copa
Antes e durante a Copa, o Catar vem sendo duramente acusado por organismos internacionais pela morte de trabalhadores e falta de direitos humanos e trabalhistas.
Segundo o jornal inglês, The Guardian, mais de 6500 operários migrantes morreram nas obras para a competição.
Recentemente, a organização da competição admitiu que cerca de 500 operários teriam morrido durante os preparativos para o Mundial.
Até 2020, vigorava no país o sistema da Kafala, praticado no golfo árabe e comparado a uma espécie de escravidão moderna em que trabalhadores só podem mudar de emprego com a permissão do empregador.
Além disso, os trabalhadores estrangeiros eram forçados a viver em alojamentos insalubres fornecidos pelos próprios patrões.
Há dois anos, o Catar foi um dos primeiros países da região a reformar o sistema, derrubando a necessidade de permissão do patrão para mudança de emprego.
O país ainda anunciou um aumento do salário mínimo, considerado insuficiente por organizações internacionais, que acusam ainda haver trabalhadores recebendo 1 dólar por hora.
Oficialmente, no entanto, o Catar diz que o novo mínimo é de 1000 ryials, cerca de R$ 1400.