Cultura

Copa no Catar abre fronteiras de tradições do mundo árabe para os amantes do futebol

Copa no Catar abre fronteiras de tradições do mundo árabe para os amantes do futebol

Arcos de Museu de Arte Islâmica enquadram Doha

A primeira Copa do Mundo em um país árabe e muçulmano serviu como uma experiência para além do futebol.

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Os visitantes que vieram ao Catar acompanhar o Mundial puderam mergulhar na história, cultura e religião das tradições do Oriente Médio.

E o país-sede investiu pesado para vender aos turistas um legado cultural e turístico que pudesse ir além da competição.

Entre investimentos diretos e indiretos, o Catar teria gasto mais de 300 bilhões de dólares para hospedar o megaevento, segundo relatos da Bloomberg. Apenas a menor parte disso foi usada para erguer estádios.

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Um dos destaques culturais durante o torneio, o Museu de Arte Nacional, por exemplo, foi reaberto ao público em 2019, após alto investimento.

Tabela da Copa do Mundo 2022; acesse!

Já o deslumbrante e concorrido Museu de Arte Islâmica foi completamente remodelado e reaberto em 2022.

Situado às margens do golfo pérsico, foi uma aposta certeira do Catar para conduzir os visitantes em uma jornada da Doha moderna para as muitas correntes da história do Islamismo.

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Fachada do Museu de Arte Islâmica, em Doha. Foto: Julio Filho/UmDois

Em galerias dispostas por 5 andares, estão peças de tapeçaria, antigos manuscritos, armaduras e armas, cerâmicas, além de obras feitas em marfim, vidro, madeira e metal.

Uma das alas expõe extensa coleção de fotografias antigas de Bagdá, capital do Iraque. Um café com paredes de vidro ao nível do mar embala a experiência.

As próprias ruas de Doha também serviram como uma exposição a céu aberto.

E até as sagradas mesquitas foram abertas ao público, com guias em diferentes idiomas explicando aos viajantes os pormenores da tradicional Mesquita Azul, em Katara.

Ali, enquanto muçulmanos ajoelham-se em silêncio, turistas ocidentais sacam celulares tiram fotos de cada detalhe da construção.

Café é parada obrigatória em visita ao museu. Julio Filho/UmDois

No Catar da Copa, a impressão é de que tudo é recém-construído ou reformado, feito sob medida para vender uma imagem bem definida e altamente controlada do país.

Um projeto caro e ambicioso cujo objetivo, além de tentar emplacar o pequeno país como um destino turístico a partir de 2023, visa limpar a imagem de uma nação fortemente contaminada por denúncias ligadas a direitos humanos, trabalhistas e liberdade de expressão.

A estratégia é conhecida como “Sportswashing”, ou seja, quando um país, empresa ou grupo de indivíduos utiliza o esporte como meio para limpar reputações danificadas. Mas, mesmo na mais controlada das estruturas, há rachaduras.

“Midia is danger”, ou, “Mídia é perigo”, disse maliciosamente um segurança para um grupo de jornalistas antes de uma revista de entrada para o estádio Al Bayt, na abertura da competição.

Apenas uma das pequenas falhas humanas que, aqui e ali, traem o discurso oficial de um Catar idílico em aparente “estado de exceção”.

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