Blatter pede indenizações para vítimas de obras de estádios no Qatar
O ex-presidente da Fifa Joseph Blatter sugeriu em uma entrevista à rede de televisão suíça "RTS" a criação de um fundo de indenização para ajudar "todos aqueles que sofreram" durante a construção dos estádios para a Copa do Mundo no Qatar, que muitas vezes recebeu críticas por más práticas trabalhistas.
O valor total do fundo deveria chegar, segundo ele, a pelo menos 420 milhões de euros, sendo equivalente aos bônus a serem pagos às 32 seleções participantes da Copa, que começa no próximo dia 20.
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ONGs e veículos de imprensa denunciaram que até 6.500 trabalhadores migrantes (especialmente do sul da Ásia) podem ter morrido nas obras de construção dos estádios nos últimos anos.
Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT) disse em um relatório divulgado no ano passado que esse número corresponde a todos os migrantes mortos no emirado do Golfo desde 2010 (ano em que o país foi escolhido para sediar a Copa do Mundo), e não apenas aos trabalhadores dos estádios.
Na entrevista, Blatter reiterou sua opinião de que o fato de o atual presidente da Fifa, Gianni Infantino, viver no Qatar "não é um bom símbolo para o futebol".
Ele também insistiu, como em entrevistas anteriores, que a escolha do Qatar em 2010 como país anfitrião da edição de 2022, apesar de a candidatura favorita ser a dos Estados Unidos, foi "um erro" que se deveu, entre outros aspectos, ao voto dos membros da Uefa liderados pelo então presidente da entidade europeia, Michel Platini.
"Foi um erro pelo qual assumo a responsabilidade, porque eu era o presidente (da Fifa) e não sabia como convencer a equipe, mesmo sendo uma equipe que eu não tinha escolhido", disse.
Blatter afirmou, entretanto, que não tinha "nenhuma prova" de que o Qatar tinha comprado os votos que lhe permitiram ser escolhido como anfitrião, uma acusação que foi feita em várias ocasiões e ainda está sendo investigada em investigações abertas em Estados Unidos, Suíça e França.