Ele previu o São Paulo com a maior torcida do Brasil. Na presidência, encara a realidade
Júlio Casares era o homem do marketing do São Paulo quanto o clube se autodenominava "O Soberano". Em 8 de dezembro de 2006, ou seja, há mais de 14 anos, o portal UOL publicava matéria na qual o então diretor dizia acredita que em dez anos a torcida tricolor seria a maior do Brasil, superando o Flamengo em uma década e o Corinthians em sete a oito anos.
"Isso é perfeitamente possível e vamos conseguir ser a maior torcida do Brasil. As recentes pesquisas apontam um crescimento muito grande do São Paulo, que antes perdia do Palmeiras e atualmente já está bem à frente", afirmou o atual presidente são-paulino, na ocasião. Mas nada mais era do que um absoluto factoide sem a menor conexão com a realidade, obviamente.
Para que tal virada acontecesse, ante a diferença de tamanho entre as torcidas de Flamengo e Corinthians em relação à do São Paulo, seria necessário que durante os anos subsequentes à previsão do cartola morressem milhões de rubro-negros e corintianos, e nascessem praticamente apenas são-paulinos em território nacional. Uma teoria desenvolvida em mero achismo.
Claro que o tempo passou e o São Paulo não tem a maior torcida do Brasil. Pior, perdeu a coroa de "Soberano" que dera a si mesmo, entrando em jejum de títulos depois de um tricampeonato nacional. De 2008 até hoje, faturou apenas a Copa Sul-americana em 2012. Uma queda brusca e um choque de realidade para quem se imaginava hegemônico pela eternidade.
Na virada do ano Casares assumiu a presidência do clube. Parecia herdar um time prestes a ser campeão, afinal, o São Paulo era semifinalista da Copa do Brasil e liderava o campeonato brasileiro, chegando a abrir sete pontos de vantagem sobre seus mais próximos perseguidores. Mas desde o dia em que ele se transformou em mandatário tricolor, a equipe não mais venceu.
No momento Júlio Casares tem um pepino nas mãos. As quatro derrotas e dois empates nos seis jogos disputados sob sua recém-iniciada gestão praticamente o forçaram a demitir o técnico Fernando Diniz. O que parecia ser um delicioso início de mandato, com perspectivas de um a dois títulos de âmbito nacional, virou pesadelo com eliminação da Copa do Brasil e queda no Brasileirão.
E ao contrário do que podia fazer em 2006, quando dava entrevistas fazendo previsões que evidentemente não se confirmaram, o presidente do São Paulo tem que apagar incêndios, contratar um novo treinador, fazer o time funcionar e, ao mesmo tempo, contornar as questões políticas do clube e acalmar a sofrida torcida tricolor. E para isso não basta o marketing das previsões furadas do passado.