Eliminação do Palmeiras é derrota de ala da mídia que tenta maquiar a realidade
Emocional. Sim, toda vez que um time mal treinado perde, como o Palmeiras caiu diante do Tigres no Mundial de Clubes da Fifa, a mesma muleta é acionada por uma ala da imprensa esportiva brasileira. Profissionais pagos para dar opinião não demonstram coragem para dizer o óbvio, que um time, mesmo campeão, pode, sim, ser mal treinado, sem repertório, capaz de ganhar títulos em meio ao paupérrimo futebol aqui praticado, mas distante da competitividade necessária em outro âmbito.
Os elogios forçados ao futebol do Palmeiras na final contra o Santos (fez apenas uma finalização no alvo, a do gol) evidenciam a falência de parte da imprensa esportiva encarregada de opinar. Por mais legítima que tenha sido a conquista da Libertadores pelo conjunto dirigido por Abel Ferreira, é óbvio, evidente, claro, nítido, transparente, que o time por ele treinado desde o começo de novembro não tem tanto conteúdo. Sim, falta repertório à equipe comandada pelo português.
É óbvio que o tempo de treinamento foi curto, praticamente sem semanas livres, com o grupo envolvido em três competições, ganhando uma, a Libertadores, e chegando à final de outra, a Copa do Brasil. Mas essas são as justificativas, que não deveriam anular as observações obrigatórias de tão óbvias sobre o estilo de jogo e o repertório (ou falta de) da equipe. Isso não significa que Abel jamais aprimorará o futebol jogado pelo Palmeiras, mas que (ainda) não o fez.
E apresentar tais análises, comentários que destaquem deficiências de um time, são obrigação de quem se propõe a comentar futebol. Ou deveriam ser. O sujeito vai trabalhar disposto a falar sobre o que realmente vê (se é que vê), ou opta por dizer/escrever o que é mais conveniente, para não causar desconforto entre os boleiros, treinadores, dirigentes? Para preservar fontes, nem sempre tão frutíferas, mantendo vivas relações, laços com quem é alvo das próprias análises?
Essa relação desconectada com o que acontece nas quatro linhas gera distorções. Torcedores com mais dificuldades para enxergar o que está diante dos seus olhos se agarram às opiniões contaminadas dos que dizem o que eles gostariam de ouvir e reagem até agressivamente quando se deparam com as raras análises realísticas. E de que isso adianta? Nada. Por que em campo, cedo ou tarde, os jogos são decididos pelo que cada time é capaz de jogar.
A eliminação do Palmeiras para o Tigres é, também, a derrota de quem tenta maquiar a realidade, disfarçar o que o campo nos mostra. Podemos parabenizar os campeões, naturalmente, mas temos que, por dever de ofício, mostrar virtudes e defeitos de uma equipe. Se é que estamos realmente interessados em contar com futebol bem praticado no Brasil. Até porque, fora dele, sempre há uma boa possibilidade de um time estrangeiro qualquer tornar isso ainda mais evidente.