O Barcelona “cruzeirou”. Quem diria? E poderá perder Messi por isso
Lionel Messi ergueu mais um troféu de campeão com o Barcelona, sábado, quando o time catalão conquistou a Copa do Rei, superando o Athletic Bilbao. Imediatamente não faltaram aqueles que levantaram a possibilidade de ter sido a última final do craque argentino pelo único clube que defendeu profissionalmente.
O contrato de Messi com o Barça se aproxima do encerramento com a reta final da temporada, mas seu futuro segue indefinido. De volta à presidência do clube, Joan Laporta deu a entender que o camisa 10 poderá desistir de sua ideia inicial, que passava por um adeus em julho. "Leo é o melhor do mundo, está enraizado no clube. Estou convencido que deseja ficar e faremos tudo, dentro das nossas possibilidades".
É aí que está o ponto nevrálgico barcelonista: terá mesmo condições de acenar com uma proposta tentadora a ele, técnica e financeiramente? Em janeiro o clube divulgou o relatório com os valores da sua monstruosa dívida. Nada menos que 1,130 bilhões de euros (aproximadamente R$ 7,57 bilhões). Importante: 730 milhões de euros (ou perto de R$ 4,88 bilhões) são de curto prazo.
Ao final da temporada 2019/2020 o gigante catalão devia 488,4 milhões de euros (cerca de R$ 3,27 bilhões), ou seja, ela cresceu absurdamente, mais que dobrou em cerca de meio ano. Obviamente a pandemia teve enorme impacto no endividamento do Barcelona, mas a má gestão (não, ela não é exclusividade do futebol brasileiro) tem peso imenso no contexto.
Depois de negociar Neymar com o Paris Saint-Germain por inacreditáveis 222 milhões de euros, os barcelonistas foram ao mercado, pagando 150 milhões de euros por Philippe Coutinho e outros 145 milhões de euros para contar com Dembélé. Adiante, tiraram Griezmann do Atlético de Madrid ao custo de 120 milhões de euros, fora mais 15 milhões de euros pleiteados pelo clube da capital.
Sim, essa brincadeira sai por mais ou menos 430 milhões de euros, perto de dois terços do montante total de crescimento da dívida registrado no segundo semestre de 2020. Pior: os três não deram o retorno técnico esperado e, se negociados, provavelmente sairão por cifras muito inferiores às recebidas pelos seus ex-clubes quando vendidos seus direitos.
E aí, obviamente, fica a dúvida quanto à capacidade de Laporta oferecer a Messi um time mais forte e competitivo. Algo que o PSG, ávido por novamente reuni-lo a Neymar, desta vez com o reforço de Mbappé; tem todas as condições de fazer. Se o coração do argentino falar mais alto, talvez ele fique, para encerrar uma bela história sem mudar de camisa.
Mas se o craque ainda estiver com apetite por vitórias, títulos, premiações, será difícil segurá-lo. Fato é que o Barcelona, o todo-poderoso clube que é um imenso símbolo da Catalunha, vive um terrível momento financeiro. Sim, senhoras e senhores, o Barça cruzeirou.