Dificuldade do São Paulo diante do Vasco retrancado simboliza o futebol da pandemia
Ao analisar a vitória do Tottenham (2 a 0) sobre o Manchester City, pela Premier League, o jornalista André Rocha bem definiu o momento do futebol em tempos de novo coronavírus: "Confirmando uma tendência mundial neste período de pandemia: quem se propõe a jogar como protagonista, mas sem se impor na posse de bola através do volume e demorando a definir os ataques assim que recupera no campo ofensivo, acaba sofrendo".
Enquanto o City de Pep Guardiola finalizava duas vezes sem chegar ao gol, os Spurs de José Mourinho abriram o placar no primeiro arremate, ampliaram no terceiro e fechar a partida com apenas quatro. Jogar tendo por muito tempo a posse da bola, com imposição sobre o oponente é algo que exige mais treinamento, preparação, ou seja, tempo que não existe após uma micro pré-temporada e jogos acumulados além do normal.
Se na Inglaterra é assim, imagine no Brasil. Entre os treinadores do Brasil, Fernando Diniz é o maior representante do jogo com manejo da pelota, mas nesse aspecto o São Paulo nem parecia por ele treinado ao vencer o Flamengo por 3 a 0 na quarta-feira. Ficou com ela por apenas 34% do tempo, finalizando oito vezes, seis no alvo, metade delas nas redes, contra 17 dos rubro-negros. Os tricolores jogaram fora das características habituais.
Quatro dias depois, os são-paulinos voltaram ao Morumbi para enfrentar outro time carioca, o Vasco, que tentava escapar da zona do rebaixamento. O técnico Ricardo Sá Pinto, português como Mourinho, montou uma equipe pouco preocupada em ter a bola, que marcou forte e no primeiro tempo mostrou alternativas de ataque, a ponto de abrir o placar. Levou o empate antes do intervalo e na etapa final se fechou totalmente.
Se no segundo tempo contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, o São Paulo teve a bola por um terço do tempo e fez seus três gols, na metade final do duelo com os vascaínos o time tricolor sofreu apenas uma finalização contra sua meta e arrematou 11 de suas 17 vezes (como o Flamengo na quarta) na peleja. Mas não chegou à vitória. A velha receita mais fácil pode ressuscitar técnicos dados como superados em tempos de pandemia.
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Athletico muda de status
Quatro vitórias consecutivas. O Athletico saiu da 17ª para a nona posição quando Marcelo de Lima Henrique (RJ) apitou o final da partida de sábado, frente ao Santos, vencida com o gol solitário de Thiago Heleno.
O Furacão foi a campo com o que tinha de melhor, frente a uma equipe santista cheia de reservas e garotos, pensando na partida de terça-feira, contra a LDU, em Quito, pela Copa Libertadores. Ainda assim difícil.
Se os rubro-negros tiveram mais tempo de posse de bola e finalizaram mais, os times apresentaram equilíbrio em arremates certos. Ao todo foram quatro para cada, pelas estatísticas do SofaScore.
O tento do zagueiro, em passe de Ravanelli, que veio do banco, deu o triunfo ao Athletico, aparentemente afastando a perspectiva negativa de luta contra o rebaixamento. Resta saber o quanto mais o time conseguirá subir.
Coxa preocupa mais e mais
Se nas últimas quatro rodadas o rival do Coritiba avançou com 100% de aproveitamento, o Coxa não saiu do lugar, segue atolado na zona de rebaixamento e sempre correndo o risco de se afundar mais na classificação
No período, uma vitória, um empate e duas derrotas. Uma muito injusta, para o Bahia, em casa, com polêmica anulação de um gol após interferência do VAR, e outra, fora, incontestável, diante do Flamengo, sábado.
Foram 23 finalizações do campeão brasileiro, nove na direção certa em meio a nada menos do que 13 grandes oportunidades criadas pelos flamenguistas, que perderam muitos gols. Os 3 a 1 saíram barato.
Aí entra o questionamento sobre a estratégia do técnico Rodrigo Santana, que levou o time a campo com três zagueiros, levou gol com quatro minutos e saiu, se abriu. Será essa a estratégia possível para esse Coritiba?