Como Matheus Cunha se tornou o símbolo de uma década no Coritiba

O atacante Matheus Cunha nunca atuou profissionalmente pelo Coritiba. Mesmo assim, o atleta do Wolverhampton e da seleção brasileira pode ser considerado o símbolo da última década no Alto da Glória.
A história de Cunha no Coxa sintetiza, de maneira profunda, a enfermidade que fez o clube descer de patamar no futebol nacional, deixar de sonhar com voos mais altos e, melancolicamente, se conformar com a gangorra entre as Séries A e B.
É um retrato fiel da falta de ambição e visão que contaminaram o Couto Pereira.
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Cunha chegou ao Coritiba aos 14, vindo da Paraíba. Viveu nos alojamentos do clube. Sempre foi o destaque da geração. Chamava a atenção pela inteligência e desenvoltura. Tanto dentro, como fora de campo. Era o camisa 10. E nada disso bastou.
Em 2017, a joia foi tratada como bijuteria pelo então presidente, Rogério Bacellar. Vendido por trinta moedas ao Sion, da Suíça. O dinheiro foi usado pelo cartola para comprar os direitos de Matheus Galdezani. O que aconteceu depois todo mundo sabe.
Tudo se passou em um universo pré-SAF, é verdade.
Em que cartolas amadores galgavam postos em turmas de conselheiros e, movidos pela vaidade, assumiam cargos para o qual não estavam preparados. Bacellar é apenas um destes exemplos.
É citado aqui somente por ter sido o ator protagonista do pastelão envolvendo a troca do brilhante Cunha pelo modesto Galdezani. A transação poderia, perfeitamente, ter sido feita por um antecessor ou sucessor.
Podemos ir um pouco além. Poderia também ter sido feita pelo atual grupo que comanda a SAF do Coritiba.
Na pretensa revolução das SAFs, saem os cartolas clássicos, entram os CEO’s; saem os olheiros à moda antiga, entram o superestimados departamentos de inteligência; saem os termos clássicos e entram em campo novos conceitos modernos e vazios.
Pois, se por um lado, a SAF alviverde se gaba de ter investido pesado na estrutura e tecnologia do Coxa, por outro, ela apenas privatizou boa parte da incompetência coxa-branca no objetivo final da existência do clube: o futebol.
Já Matheus Cunha segue em alta na Europa.
Pode não ser uma unanimidade. Muitos o criticam, principalmente na seleção. Mas, cada gol e assistência que distribui na Premier League, expõem de forma pungente as mazelas de uma década de decadência alviverde.