Como Rudimar Fedrigo transformou Curitiba na capital mundial da porrada
Se Curitiba é conhecida mundialmente por ser a capital do mundo da luta, essa alcunha se deve, principalmente, a Rudimar Fedrigo.
Fundador da equipe Chute Boxe, o paranaense foi responsável por revelar inúmeros talentos nas artes marciais: Wanderlei Silva, Anderson Silva, Maurício Shogun, Cris Cyborg... Esses são alguns dos campeões lapidados pelo "Mestrão", personagem do segundo capítulo do projeto “Terra fria, sangue quente”, que conta a história dos grandes nomes da capital paranaense nas artes marciais.
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Hoje em dia, a Chute Boxe tem academias espalhadas em todo o Brasil – e também no exterior. O sonho antigo se transformou em um grande negócio que nem o próprio Rudimar, atualmente com xx anos de idade, esperava.
Rudimar Fedrigo“Se você gosta e acredita naquilo que você faz, você tem que persistir. Eu acreditei mais nos atletas até do que eles mesmos poderiam acreditar. Isso fez com que a gente chegasse onde chegou. Hoje temos a Chute Boxe espalhada pelo Brasil e mundo afora. Nem eu esperava que a equipe chegasse a ter milhares de alunos”.

Mas o que de fato levou Rudimar Fedrigo a ser o maior treinador de MMA do mundo? Segundo ele, tudo foi destino.
Um acidente, quando ainda era criança, transformou a sua vida. Aos 13 anos, enquanto pedalava pela Rua Brigadeiro Franco, no Centro de Curitiba, carimbou a porta de um Fusca e se machucou feio.
Fraturou o fêmur e passou um longo período internado. Para recuperar o movimento da perna direita, começou a treinar muay thai a convite de amigos. Seu mestre era o carioca Nelio Borges de Souza, o Nelio Naja, introdutor do esporte no Brasil.
“Foi uma coisa do destino, não era algo que eu estava planejando. Aconteceu. Depois de estar pronto, formado, eu decidi criar a minha academia. Hoje ela é reconhecida no mundo inteiro. O grande legado que vou deixar nessa terra é essa academia curitibana, que virou referência mundial”, comemora.

O segredo da Chute Boxe, que consagrou Curitiba no MMA
A equipe de Rudimar Fedrigo foi crescendo a cada ano, muito por conta de sua filosofia de vida. Não bastava participar dos campeonatos. O lutador da Chute Boxe tinha que vencer. Era buscar a vitória a todo momento.
“Nós temos uma filosofia de vencedor, não era só participar. Era vencer. Eles assimilaram bem isso e colocavam em prática na hora. Eles entravam para vencer e não só participar. Eu tive sorte de ter um bom material humano para trabalhar”, relembra.
O espírito vencedor fez com que a Chute Boxe virasse tanto um espelho como um time a ser batido, seja no Brasil ou pelo mundo. No país, a principal rivalidade surgiu contra a BTT, academia do Rio de Janeiro que também contava com grandes atletas, como Ricardo Arona, Zé Mario e os irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro.
Mundialmente, a rivalidade da Chute Boxe era com os atletas japoneses do extinto evento Pride, um dos mais tradicionais da história das lutas.
“As rivalidades fizeram com que houvesse uma motivação maior aos atletas. Era uma rivalidade saudável e isso ajudou muito o MMA crescer. O esporte se tornou atrativo porque havia essa rivalidade para saber quem era a melhor equipe, o melhor atleta. É um esporte de pressão. Depende de resultado, mas a rivalidade trazia mais vontade de ganhar. Todas as rivalidades fizeram com que a academia e o esporte crescessem”, frisa Rudimar.
Chute Boxe virou espelho e Rudimar Fedrigo se tornou um líder

Os bons resultados da Chute Boxe levaram a equipe a outro patamar e Rudimar Fedrigo foi reconhecido como o grande responsável pelo sucesso do time curitibano.
Wanderlei Silva foi campeão do Pride. Maurício Shogun levou o Pride e o UFC. Cris Cyborg faturou todos os cinturões de organizações nas quais competiu. Rafael Cordeiro virou discípulo de Rudimar e se tornou um dos treinadores mais respeitados – e hoje trabalha diretamente com a lenda Mike Tyson.
“Curitiba hoje é uma cidade respeitada no mundo inteiro por tudo que aqueles atletas fizeram e até hoje fazem. Eu me sinto muito feliz de fazer parte dessa história. Fico feliz com o sucesso dos atletas que passaram por aqui”, destaca Rudimar.
“Eu conheci uma geração de adolescentes que se tornaram homens, são pais de família e eles executam os valores que eles aprenderam na academia”, completa Rudimar, que hoje divide seu tempo entre treinos na matriz da Chute Boxe, no bairro Hauer, e o trabalho de Administrador Regional da Cidade Industrial de Curitiba, o bairro mais populoso dessa capital fria, mas de sangue quente.