Incrível: em cinco anos, Trio de Ferro trocou 35 vezes de técnico
Faz uns dois anos, eu acho, que resolvi montar (no bloco de notas mesmo) uma lista de técnicos do Trio de Ferro. Usei 1990 como balizamento - o primeiro ano do Paraná Clube. São, portanto, trinta temporadas recuperadas. Imaginei que essas listas de Athletico, Coritiba e Paraná seriam úteis em algumas pautas. Nesta semana em que o troca-troca de treinadores foi o principal assunto do futebol brasileiro, fui dar um confere nelas.
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E cheguei ao número espantoso que está na manchete: nas últimas cinco temporadas, de 2016 para cá, foram 35 trocas de técnico no Trio de Ferro. E é bom lembrar que a temporada 2020 só acaba em fevereiro do ano que vem. É uma média de sete trocas (não necessariamente sete treinadores) por ano em Furacão, Coxa e Tricolor. É como se nunca um técnico ficasse um ano inteiro no mesmo clube.
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Nesta soma, estão treinadores que foram colocados como interinos, mas que comandaram os times por certo tempo. Aqueles 'professores' de um ou dois jogos não entram. Exemplo: Matheus Costa comandou o Coritiba em uma partida em 2019, e por isso não consta na lista. Já Eduardo Barros, interino por duas vezes no Athletico, ficou períodos maiores, e por isso entra.
Os técnicos do Trio de Ferro
O Paraná Clube foi quem mais realizou trocas de treinador entre 2016 e 2020. Foram ao todo 14 mudanças, utilizando 11 técnicos: Claudinei Oliveira (duas passagens), Marcelo Martelotte, Roberto Fernandes, Fernando Miguel, Vágner Lopes (duas passagens), Cristian de Souza, Lisca, Matheus Costa (duas passagens), Rogério Micale (vivendo sua segunda passagem), Dado Cavalcanti e Allan Aal.
No Coritiba, foram 12 trocas de treinador nas últimas cinco temporadas. E 12 técnicos trabalharam no Alto da Glória: Gílson Kleina, Paulo César Carpegiani, Pachequinho, Marcelo Oliveira, Sandro Forner, Eduardo Baptista, Tcheco, Argel Fucks, Umberto Louzer, Jorginho (o único com duas passagens), Eduardo Barroca e Rodrigo Santana.
E no Athletico foram nove mudanças de técnico desde 2016, com oito profissionais: Cristóvão Borges, Paulo Autuori (que está em sua segunda passagem), Eduardo Baptista, Fabiano Soares, Fernando Diniz, Tiago Nunes, Eduardo Barros e Dorival Júnior.
Os 'sobreviventes'
Apenas dois treinadores conseguiram passar mais de um ano em um clube do Trio de Ferro neste período. E foram dois do Athletico, os nomes mais marcantes deste período no Furacão. Paulo Autuori, atual diretor técnico e acumulando o cargo com o dia a dia no campo até fevereiro, chegou no CT do Caju em março de 2016, e seguiu até maio do ano seguinte - quando inclusive teve seu primeiro período com cartola atleticano.
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E Tiago Nunes é o treinador que mais tempo comandou um time nestes cinco anos. Foram 17 meses, entre junho de 2018 e novembro de 2019. Com seu comando, o Athletico conquistou a Copa do Brasil, a Copa Sul-Americana, a Copa Suruga e o Campeonato Paranaense. Coincidência ou não, quem teve mais tempo para trabalhar foi quem mais ganhou.
Fenômeno brasileiro
Esse número que assusta quando olhamos para o Trio de Ferro é apenas uma constatação do que acontece no futebol brasileiro. A cultura da troca de treinador está entranhada no esporte, e por mais que saibamos que normalmente não é assim que se faz um trabalho sério e organizado, a história sempre se repete. Dirigentes, jornalistas e os próprios treinadores se encarregam de manter a ciranda.
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Foi o que se viu nesta semana. Rogério Ceni, que disse que não abandonaria o projeto do Fortaleza na metade, abandonou e foi para o Flamengo. E Eduardo Coudet, cansado das picuinhas no Internacional, pediu o boné na liderança do Brasileirão. Errado? Claro. Mas seguirá assim. Ah, e só pra constar: de 2010 para cá, Paraná, Athletico e Coritiba trocaram 81 vezes de treinador...