Paraná x Figueirense: refém dos próprios erros, Tricolor fica muito a perigo
Paraná x Figueirense marcou a estreia do técnico Gilmar dal Pozzo. Mas não apresentou mais nada de novo além disso. Foi outra atuação ruim, foi outra noite de desesperanças, foi mais um tombo nessa queda livre do Tricolor na Série B do Campeonato Brasileiro. O Figueira, que venceu por 2x0 nesta quarta-feira (9), na Vila Capanema, está a apenas um ponto do Paraná Clube. E o risco de rebaixamento aumentou muito.
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É difícil para o terceiro treinador em menos de 40 dias encontrar soluções em apenas três dias. Ainda mais quando os erros se repetiram e se acumularam. Sete derrotas seguidas, um ponto nos últimos 27 disputados, um desgoverno completo da diretoria. O Tricolor tropeça nos próprios erros, e parece sem forças para se levantar, pelo menos para não cair para a Série C.
Paraná x Figueirense: os times
Já com dificuldade para montar o time, Gilmar dal Pozzo precisou se virar nos 30 poucas horas antes de a bola rolar. Então, além das estreias de Renan e Andrew, o treinador precisou resolver as ausências de Renan Bressan, Juninho e Wandson, em isolamento por conta da covid-19. Sem dez jogadores ao todo, o Tricolor seria bem diferente diante do Figueira.
Rafael Lima voltava à defesa, porque Hurtado tinha que ser improvisado na lateral-esquerda - como já fizera no PSTC, no Campeonato Paranaense. No meio, uma falha, a de não escalar Jhony, e sim Luan e Karl na marcação. E dali para frente, o que se tinha à disposição: Thiago Alves teria a companhia de Andrew, Vitinho e Andrey, num ataque muito diferente da derrota para a Ponte Preta. Do lado catarinense, Diego Gonçalves, aquele, e Alecsandro, aquele também.
O jogo
O estilo do novo técnico do Paraná Clube é bem diferente dos anteriores. Usando um termo de Paulo Autuori, Gilmar dal Pozzo é mais "sanguíneo" que seus antecessores. Não que Allan Aal e Rogério Micale não participassem dos jogos. Mas o gaúcho praticamente narrava o jogo. Todos os lances provocavam uma orientação, uma cobrança, um elogio. Algo talvez necessário diante da situação tricolor.
A motivação era necessária, porque tecnicamente Paraná x Figueirense era um jogo igual, e isso não era exatamente um elogio. Os donos da casa até tentavam pressionar, e para isso valia o pedido incessante do treinador em marcar. Só que o primeiro chute a gol foi apenas aos 25 minutos, com Andrew. E só teve mais um arremate, também tricolor, até os 48 minutos da etapa inicial. Um rendimento muito ruim dos dois times, um 0x0 absolutamente justo.
Era infelizmente esperado que o jogo tivesse muita transpiração e pouca inspiração. E é aquela coisa, por mais empolgação, faltava qualidade. E o nervosismo também atrapalhava. Um exemplo: com Thiago Alves livre no meio da área, Andrey tentou chutar e errou. Além da chance perdida, os dois discutiram. Nada que ajudasse. A ansiedade dificulta na execução de passes, na tomada de decisões. E o Paraná sofria.
Parte final
Gilmar dal Pozzo resolveu sacar Vitinho e Andrew para colocar Guilherme Biteco e Léo Castro. As opções de sempre, seja o técnico que esteja à beira do gramado. Só que no lance seguinte Philipe Maia falhou muito feio e Bruno Michel arrancou sozinho até tirar de Renan. O Figueirense estava na frente. O Tricolor era refém de todos os seus erros - dentro de campo, nas decisões da diretoria, na montagem do elenco.
E essa fragilidade toda ficava evidente na dificuldade de reação após o 0x1. Não havia tática, era na base do 'vamos lá'. Sem acertar um arremate na direção do gol até os 37 minutos do segundo tempo, restava ao Paraná Clube tentar um milagre, uma bola que pingasse na área, uma falha adversária. Mas nada disso aconteceu. Ao contrário: Guilherme ainda fez o segundo. Os problemas que assolam o clube não são de agora nem se revelaram diante do Figueirense. O buraco é mais embaixo, e o perigo é que ele seja sem fundo.