Vem aí a grande virada do futebol brasileiro. E o Flamengo é um modelo que deu certo
O Flamengo conseguiu ajustar as suas finanças e recuperar a gestão interna nos últimos anos. Graças a sua popularidade e prestígio da marca tornou-se o maior faturamento esportivo do país e os bons resultados finalmente apareceram dentro de campo. Tríplice campeão na temporada – Carioca, Brasileiro e Copa Libertadores da América – o Flamengo é um raro modelo que deu certo.
O Palmeiras, em compensação, apesar da administração moderna e a invejável injeção financeira de um grande patrocinador, ganhou o título nacional no ano passado, porém fracassou de maneira retumbante na temporada que se aproxima do encerramento.
A maioria dos clubes de futebol encontra-se hoje em situação deficitária. A falta de gestão profissional e de um arcabouço jurídico de responsabilização dos dirigentes resultou em dívidas impagáveis, o que impôs a necessidade de criação de mecanismos de fomento ao desenvolvimento do futebol no Brasil.
Atualmente os clubes são associações recreativas sem fins lucrativos. O presidente e a diretoria são escolhidos em eleições de sócios ou conselheiros. Não há um responsável jurídico pelos erros e acertos. Os cartolas entram e saem pelos times deixando um rastro de destruição econômica pelo caminho.
Com o projeto de clube empresa em tramitação no Congresso Nacional os clubes poderão, por opção, migrar para um modelo de Sociedade Anônima ou Sociedade Limitada. Cada associação poderá ter um ou mais donos ou sócios investidores, dependendo do modelo que for escolhido.
Porém, ao virarem firmas, os clubes perderão a isenção e deverão pagar os tributos como qualquer empresa. Se forem à falência, fecharão as portas como a padaria da esquina ou a lojinha do lado.
Outra coisa que está no anteprojeto: somente o time que optar pelo modelo SA poderá ter ações na bolsa de valores. Além de ser SA, ele precisa se inscrever na CVM – Comissão de Valores Mobiliários -, cumprir uma série de requisitos para obter o título de empresa de capital aberto e fazer emissão de ações na bolsa.
Mas o clube que decidir continuar apenas recreativo, terá direito a esta alternativa. Parece ser o caso de alguns, inclusive o Flamengo.
Na Europa convivem bem e disputam os mesmos campeonatos tanto entidades recreativas como times de dono. Portanto, vem aí a grande virada do futebol brasileiro.
A urgência e a relevância das alterações da legislação tributária decorrem da necessidade de estabelecer um novo marco legal para o futebol do país. O objetivo principal é o incentivo ao desenvolvimento desse rico mercado por meio de fontes privadas.