Análise

Valeu, Athletico. Quem te viu e quem te vê

Por
Carneiro Neto
14/02/2020 17:21 - Atualizado: 29/09/2023 23:15
Valeu, Athletico. Quem te viu e quem te vê
| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Quando caiu para a 2ª Divisão estadual no Campeonato Paranaense de 1967, o Athletico mergulhou na maior crise da sua história. Dono de uma grande e apaixonada torcida, acostumada com as glórias do passado, inclusive com o famoso time apelidado de Furacão, o clube atravessava uma fase miserável.

Aliás, a vida do atleticano não nunca foi fácil.

Basta recordar que entre 1949 – ano do Furacão – e 1982, o
time só ganhou três títulos de campeão, contando com os de 1958 e 1970. Muito
pouca alegria em 33 anos.

Sem esquecer que no mesmo período o Ferroviário – um dos ascendentes do atual Paraná – e o Coritiba construíram os seus estádios, enquanto que a velha Baixada recebia modestamente os seus torcedores.

Mas houve a virada, graças a habilidade e a liderança do presidente Jofre Cabral e Silva que, politicamente, reconduziu a equipe a 1ª divisão estadual e montou um time inesquecível com Bellini, Dorval, Zé Roberto, Milton Dias, Nilson Borges e outros ídolos.

O impacto naquele começo de 1968 foi tão grande que a
Baixada vivia cheia de gente. Não precisava ser dia de jogo, sequer jogo-treino, mas
treino leve, onde todas as precauções eram tomadas para preservar os jogadores
famosos.

Os espectadores, no entanto, não queriam, no fundo, ver
futebol: queriam ver o capitão Bellini “de perto”.

O carismático bicampeão mundial pela seleção brasileira
gentilmente ficava vinte minutos ou até meia hora, depois do treino, dando autógrafos
para os fãs.

Em dia de jogo era uma festa com muita música, bandeiras, fogos de artifício, um carnaval atleticano na velha e aconchegante Baixada. Mas nada de título.

Naquele ano o time deixou escapar a conquista no último
minuto, com o fatídico gol de cabeça de Paulo Vecchio, no último lance do
clássico que deu o título ao Coritiba, na Vila Capanema.

Os craques foram entrando e saindo e apenas Nilson Borges
sobreviveu para se tornar campeão ao lado de novos ídolos como Alfredo, Julio,
Sicupira e outros.

Ao mesmo tempo o Coritiba enfileirava dez títulos de
campeão, inclusive um hexacampeonato em 1976.

Os atleticanos resistiram unidos e silenciosos.

Até que veio a segunda e efetiva virada da história
rubro-negra, com o projeto revolucionário do presidente Mario Celso Petraglia.

Nunca mais o Athletico foi o mesmo.

Como diz a famosa música “Quem te viu chorando, hoje te vê sorrindo”.

Vieram os craques, os triunfos, os títulos, os momentos
inesquecíveis na moderna Arena da Baixada, culminando com as conquistas dos
títulos do Campeonato Brasileiro, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil.

E o CT do Caju bombando com a revelação de novos talentos.

“Quem te viu perdendo, hoje te vê vencendo”.

Até chegar ao dia de disputar a Supercopa em uma partida
emblemática com o Flamengo.

Vale mais pelo retrospecto e pelo privilégio de ter
conseguido chegar lá do que propriamente pelo resultado do jogo.

São 25 anos de uma nova e rica história.

Valeu, Athletico: quem te viu e quem te vê.

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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...

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