Um Furacão passou em minha vida
Desde aquela manhã quente no início do outono de 1924, quando foi consolidada a fusão do Internacional com o América, com o surgimento do Club Athletico Paranaense, o futebol de Curitiba e do Paraná nunca mais foi o mesmo.
Acompanhando o Rubro-Negro como profissional da comunicação esportiva desde 1964, a sensação é de que um Furacão passou em minha vida.
Vindos do Internacional dois jogadores da família do meu pai jogaram no primeiro time do Athletico, em 1924, e foram campeões no primeiro título conquistado em 1925: os irmãos Lauro Carneiro de Loyola, o Bororó, e José Maria Carneiro de Loyola, o Malelo, que se destacavam pela boa técnica e muita garra quando vestiam a camisa rubro-negra.
Da nossa família, Armando Jorge de Oliveira Carneiro – meu pai -, Odilon de Oliveira Carneiro – meu tio – e eu, fomos conselheiros do clube em épocas diferentes.
No início das atividades futebolísticas no Brasil era comum a formação de equipes com pessoas da família, colegas de escola ou conhecidos do bairro. Foi desta forma que surgiu a maioria dos clubes do nosso futebol.
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Com o Athletico não foi diferente, pois existiam boas relações entre os dirigentes e jogadores do Internacional e do América, cuja base era a conservadora sociedade curitibana no começo do século passado. Daí o apelido de Cartola para o novo clube que nascia.
Basta correr os olhos pela história atleticana para observar os laços familiares entre dezenas de jogadores como os Gonçalves, os Cecatto, os Gottardi, os Rosas e por aí afora. Só que, com o passar do tempo e o crescimento da torcida, pela paixão que o time despertava, o maior dilema foi acomodar os fanáticos simpatizantes no pequeno estádio da Baixada.
Havia lotação em quase todos os jogos, tanto que a partir do instante em que a equipe mudou de patamar, na transformação incrementada pelo presidente Jofre Cabral e Silva, em 1968, o Athletico passou a realizar as principais partidas nos dois maiores estádios da cidade: Alto da Glória e Vila Capanema. Com passagem de quase dez anos pelo Pinheirão.
Comprovando o gigantismo da sua frenética torcida o Athletico é o recordista de público em todos os estádios da capital: Arena da Baixada, Durival de Britto e Silva, Erton Coelho Queiroz, Pinheirão e nos dez maiores públicos registrados no estádio Antônio Couto Pereira. Dos 44.285 pagantes no confronto com o Colorado pelo estadual de 1983, no Alto da Gloria, até os 65.493, o maior público de todos os tempos em Curitiba, no jogo do Furacão com o Flamengo, também em 1983, pelo Campeonato Brasileiro.
Detentor da maior e mais fanática torcida do futebol paranaense, o Furacão decolou definitivamente com a construção da primeira Arena e, agora, faz a maior festa quando joga na moderna Ligga Arena, com gramado sintético e teto retrátil.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...