Time do Athletico virou banquete indigesto. De quem é a culpa?
Felizes com as conquistas dos últimos dois anos – títulos estaduais com a equipe de aspirantes, boas campanhas no Campeonato Brasileiro, campeão da Sul-Americana e da Copa do Brasil – os torcedores do Athletico comemoram fartamente. De repente, o clube negociou os melhores jogadores, desmontando o time campeão, e não renovou o contrato do vitorioso treinador Tiago Nunes e toda a comissão técnica. Foi uma saída traumática sem maiores explicações.
Logo no inicio da temporada 2020, no jogo dos campeões em Brasília – Flamengo, campeão brasileiro e Athletico, campeão da Copa do Brasil – uma atuação patética na estreia do técnico Dorival Junior, seguida de goleada acachapante.
Bem, podia ser apenas o começo do ano e provavelmente o elenco remontado pelo novo dirigente Paulo André continuaria dando alegrias ao torcedor e retorno financeiro ao clube no final da temporada. Afinal, o autoproclamado Centro de Inteligência do Futebol continua em pleno funcionamento nas dependências do CT do Caju.
Mas o time virou um pastiche bizarro.
Começou claudicando na Copa Libertadores da América, com um triunfo apertado sobre o Peñarol, na Arena da Baixada. Na sequência, conseguiu ser derrotado pelo fraco Colo-Colo, em Santiago do Chile, com um futebol pobre e decepcionante.
Veio a pandemia do coronavírus e a bola parou, pois o time de aspirantes havia cumprido os jogos classificatórios no Campeonato Paranaense.
No retorno, o time considerado principal aplicou goleadas sobre adversários tecnicamente modestos e conseguiu mascarar a sua limitação coletiva com duas difíceis vitórias sobre o Coritiba. Nas duas oportunidades, o Athletico não conseguiu jogar bem, igualando-se ao tradicional adversário, reconhecidamente com poucos recursos coletivos e individuais no momento, ao ponto de ter destituído a comissão técnica logo na largada do Campeonato Brasileiro. Os gols surgiram apenas nos acréscimos das duas partidas finais, mas a conquista do Tricampeonato estadual mascarou o fraco desempenho do grupo.
Mesclando jovens revelações com jogadores experientes com categoria técnica, a receita atleticana funcionou perfeitamente até que Paulo André mudou o conceito. Ou, por outra, em vez de o clube investir em bons jogadores partiu para a contratação em massa de promessas arriscadas. Começou pelo veterano lateral direito Adriano que, definitivamente, não deu nenhum retorno em campo. Depois vieram outros jogadores até que se acumularam quatro derrotas consecutivas, sendo duas em plena Arena da Baixada, considerada uma espécie de Fortim inexpugnável para os adversários.
Pior do que os maus resultados, foram as apresentações de um grupo com algum controle de bola, mas ineficiente, desmotivado no segundo tempo de todos os jogos e sem capacidade de finalização efetiva contra a meta contrária.
Um erro grave de receita, aviamento, seleção de ingredientes, mistura, tempero, sabor e montagem da mesa. O time do Athletico virou um banquete indigesto. Culpa de quem? Dos cozinheiros ou do dono do restaurante?
Respostas para o CT do Caju.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...