Continua animada a dança dos técnicos no futebol
Na semana em que um Senador da República foi flagrado com dinheiro de corrupção preso entre as nádegas, logicamente protegido pela cueca – e põe cueca nisso – , o famoso técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo foi dispensado pelo Palmeiras.
Você está enganado, caro leitor, se pensa que jogador de futebol é jogador de futebol, tal como dentista é dentista, carpinteiro é carpinteiro, enfermeiro é enfermeiro e “uma rosa é uma rosa”.
Segundo nos ensinam os pensamentos dos cartolas que comandam o futebol brasileiro, ser jogador é exercer uma profissão fora de série. “Sui generis”. Se esse jogador for um craque perfeito, um talento indiscutível, o melhor é dispensar-lhe proteção paternal e conceder-lhe privilégios generosos.
Foi assim no passado e continua no presente, se bem que pela fortuna que ganham e pelos novos modelos contratuais, os ídolos são obrigados, de vez em quando, a baixar a bola. Basta lembrar do episódio de Lionel Messi na sua recente tentativa de deixar o Barcelona. Tem de cumprir o contrato assinado até o fim. Mas o argentino, pelo menos, além de supercraque, é uma pessoa equilibrada, disciplinada e que sabe se comportar.
O pior são aqueles cabeças de vento que pintam os cabelos de todas as cores, fazem os cortes de cabelo mais estranhos, não sabem escolher a roupa e muito menos se comportar em público como personagem de um mundo lúdico para o torcedor. A figura do profissional que se comporta como amador não existe no mundo real. Apenas no “showbussines”, dizem os especialistas.
Pois bem, nunca se viu tanta panelinha em time de futebol como nos dias de hoje. Protegidos por dirigentes despreparados, os jogadores fazem gato e sapato dos treinadores.
O episódio vivido pelo veterano Vanderlei Luxemburgo com o elenco do Palmeiras foi apenas mais um na longa relação. Por estas e outras que os profissionais pensam duas, três ou mais vezes antes de assinar contrato como técnico de clube problemático.
Umberto Louzer, que vai indo muito bem no comando da Chapecoense, ouviu o canto da sereia do Cruzeiro, acertou os termos do acordo, mas descartou na última hora. Talvez tenha recordado da fugaz passagem de Rogério Ceni pelo time mineiro, que atravessa grave crise administrativa, econômica, financeira e técnica.
Desempregado e corajoso, o vitorioso Felipão aceitou assinar com o Cruzeiro e vai à luta. Assim continua animada a dança dos técnicos no tumultuado futebol brasileiro em tempos de pandemia.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...