Opinião

Técnico de futebol tornou-se profissão de risco, mas com dinheiro no bolso

Dorival Júnior, técnico da seleção brasileira

Os primeiros técnicos de futebol, quando o profissionalismo foi implantado nos grandes centros – entenda-se na época o eixo Rio-São Paulo –, eram respeitados e verdadeiramente idolatrados.

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Tudo porque eles haviam sido jogadores nos primórdios do desembarque da bola inglesa em São Paulo, com Charles Muller, evoluindo passo a passo até as principais transformações táticas, tais como a passagem do ortodoxo sistema WM para outras variantes até chegarmos ao terceiro zagueiro de Martin Francisco no Vasco da Gama na década de 1950.

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Os grandes nomes foram Flávio Costa e Zezé Moreira, apesar dos insucessos da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1950 e 1954, respectivamente.

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O húngaro Bela Gutman dirigiu o São Paulo em 1957 e passou muitos ensinamentos ao seu auxiliar Vicente Feola que, não por acaso, tornou-se o técnico da seleção brasileira na conquista do primeiro título mundial, na Suécia, em 1958.

De lá até o século XXI muita bola rolou pelos gramados, muitos treinadores foram chamados de gênios e burros, mas jamais foram tão menosprezados e desrespeitados como nos últimos anos. Técnico de futebol tornou-se uma profissão de risco, mas com dinheiro no bolso.

Com dirigentes que espertamente se profissionalizaram, mas que continuaram neófitos em futebol e comem nas mãos dos executivos, CEO’s, agentes e empresários em geral, por desconhecimento ou simples interesse financeiro, os técnicos ficaram com o traseiro exposto na vitrine futebolística.

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Técnico de futebol no Brasil é “bode expiatório”

O técnico, aqui no Brasil, é sempre o bode expiatório e não existe respeito pelo profissional. O troca-troca de técnicos tornou-se uma enfadonha rotina nos clubes mal administrados, tanto que alguns deles chegam a mudar até quatro ou cinco vezes de comandante em uma única temporada.

Tudo isso custa uma fortuna, muito bem escondida dos olhos dos associados ou, principalmente, dos fanáticos e ingênuos torcedores. Os jogadores, mais preocupados com o dinheirão que recebem, com o corte do cabelo ou com as tatuagens pelo corpo, também não pestanejam em transferir a responsabilidade pelos fracassos das equipes aos “professores”.

E assim o futebol brasileiro se arrasta há cinco Copas do Mundo sem título e há doze anos sem um campeão mundial interclubes.

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