Análise

Talvez a nostalgia salve o Campeonato Paranaense

Por
Carneiro Neto
21/01/2022 11:53 - Atualizado: 04/10/2023 17:02
Talvez a nostalgia salve o Campeonato Paranaense
| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Como passei a infância e parte da juventude em cidades do interior – Guarapuava e Ponta Grossa – só visitava a minha avó paterna em Curitiba de vez em quando. Ou mais precisamente quando meu pai, Armando, necessitava resolver algum assunto no seu trabalho como magistrado.

Meu pai tornou-se desembargador e foi eleito presidente do Tribunal de Alçada e, mais tarde, do Tribunal de Justiça do Paraná.

Pois em uma dessas visitas, em 1963, assisti ao animado Torneio Início do Campeonato Paranaense, no estádio Durival Britto e Silva. Só para esclarecer aos leitores mais jovens, aquele foi o penúltimo Torneio Início do futebol paranaense, que começou em 1918, três após o primeiro campeonato oficial, em 1915.

Funcionava assim: os 15 times da chamada Zona Sul reuniam-se, amadoristicamente, no mesmo local e faziam jogos de 20 minutos – 10 em cada tempo – no sistema mata-mata para abrir oficialmente a temporada.

A capital contava com oito equipes: Água Verde, Athletico, Britânia, Coritiba, Ferroviário, Bloco Morgenau, Palestra e Primavera. De Paranaguá participavam Rio Branco e Seleto; de Ponta Grossa, Operário e Guarani; de Iraty, Irati e Olímpico; e o Caramuru, de Castro.

Havia também o campeonato da Zona Norte, com Londrina, Maringá, Apucarana e outros, e o do Setentrião com Cambará, Jacarezinho, Santo Antônio da Platina e outros.

Os três campeões disputavam o título, como aconteceu naquele ano em que o Grêmio Maringá foi campeão estadual pela primeira vez decidindo com o Ferroviário e o Cambará.

Duílio, ídolo do Coritiba, foi o artilheiro da temporada, só que jogando pelo Água Verde, onde encerrou a sua carreira. Sicupira estreou no Ferroviário, que se sagrou campeão do Sul em decisão com o Irati.

Voltemos ao inesquecível Torneio Início de 1963, em que os jogadores desciam dos ônibus já uniformizados e ficavam espalhados pela pista e pelos cantos em torno do gramado aguardando a hora de entrar em campo. Autêntico festival de amadores. A final foi entre o time para o qual eu torcia, o Guarani, de Ponta Grossa, e o Rio Branco, de Paranaguá.

Empate sem gols no tempo normal e triunfo riobranquista nos pênaltis por 4 a 3. Personagens como Calé, Dicesar, Alcione, Odair, Fábio, Oromar, Oda e outros entraram para a história do time da Estradinha.

Bons tempos, velhos tempos. Talvez a nostalgia salve o Campeonato Paranaense que começa neste final de semana.

Não será fácil, pois até a televisão virou as costas para ele. Sem apelo comercial e muito menos motivacional, o nosso estadual foi se esvaziando aos poucos até que chegou a penúria em que se encontra.

Mas a bola vai rolar, faça chuva ou faça sol.

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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...

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