Repetição de erros desgastou a seleção brasileira
Como a história não se repete nunca da mesma maneira, o cenário montado pelos fatos pode ter muitas semelhanças com aquele em que a seleção brasileira passou 24 anos sem ganhar uma Copa do Mundo.
Foram tantas ocorrências entre o Tri e o Tetra que se torna até difícil promover um levantamento do período. Começa pela turbulência política na CBF, sucessão de maus presidentes, com a honrosa exceção do empresário Giulitte Coutinho, e experiências mal sucedidas com treinadores que não deixaram saudade.
Também houve no período o processamento de uma completa transformação no panorama financeiro do futebol mundial com a chegada em definitivo do dinheiro pesado nos investimentos dos principais clubes do planeta.
A televisão passou a reinar absoluta com a transmissão de todos os jogos, patrocinadores e investidores surgiram, criaram-se as Ligas nacionais nos campeonatos europeus – o Brasil ficou para trás e continua até hoje, com o absurdo de três Ligas estarem negociando os próximos campeonatos – e os jogadores passaram a ganhar verdadeiras fortunas.
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Depois da conquista do Penta, em 2002, a seleção brasileira entrou em declínio.
Primeiro, pelos escândalos que marcaram o afastamento de vários presidentes da CBF, depois pelas opções equivocadas de treinadores e, principalmente, a falta de verdadeiros super craques na atual geração que acumula cinco copas perdidas.
A repetição de erros desgastou a seleção brasileira ao ponto em que se encontra no momento com sofrível campanha nas Eliminatórias.
A manutenção de Tite após o fracasso na Copa da Rússia comprovou-se desastrosa, pois ele conseguiu repetir a façanha na Copa do Catar.
Quanto a atual safra, nem mesmo o badalado e multimilionário Neymar, consegue responder a altura quando chamado a responsabilidade nos três mundiais que disputou vestindo a camisa canarinho.
No momento assistimos a incompetência da CBF na gestão da seleção, ora apostando em Fernando Diniz, ora sonhando com o italiano Carlo Ancelotti.
O desgaste, desnecessário se houvesse inteligência futebolística na cúpula da entidade nacional, tem atrapalhado o trabalho do técnico e dos próprios jogadores que se mostram perdidos em campo.
A seleção apresenta problemas na zaga, mais graves nas alas do que no meio; deficiência criativa no meio de campo e inoperância ofensiva.
E jogará desfalcada do promissor Vinicius Junior na próxima partida, frente a Argentina, no Maracanã.
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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...