A seleção brasileira de volta com os craques

Durante a última Copa do Mundo os europeus estavam querendo entender a queda técnica do futebol brasileiro. Só queriam entender, nada mais.
Antes mesmo de a bola rolar, jornalistas e torcedores europeus que amam o futebol bem jogado tentavam descobrir os porquês das dificuldades enfrentadas pela seleção pentacampeã mundial para formar um time minimamente competitivo.
Curiosamente grande parte dos especialistas da Europa atribuiu o declínio à corrupção fora de campo, o que apenas confirmou que a fama dos dirigentes esportivos já ultrapassou fronteiras. Se bem que por lá a raça não é diferente, tanto que da FIFA, passando pela UEFA até chegar a alguns clubes, muitos cartolas foram afastados dos cargos e processados nos últimos anos.
A corrupção, lamentavelmente, virou conceito internacional.
Mas o futebol brasileiro, dentro de campo, começou a ser corrompido quando a maioria dos nossos treinadores passou a imitar justamente o estilo deles, os europeus, que, é óbvio, não têm culpa de nada, nem da ignorância alheia.
E, imitando o estilo de jogo do velho continente, logicamente violentaram o dos nossos jogadores, que deixaram de cultivar as suas características mais genuínas.
Desde as categorias de base ensinaram, burramente, aos jogadores brasileiros e exigiram deles que passassem o jogo dando trombadas nos adversários, impondo sua força, forçando o corpo-a-corpo como se fossem alemães ou ingleses.
E eles, do outro lado do Atlântico, espertamente, seguiram o caminho inverso diminuindo a pegada e incentivando os seus jogadores a criação, ao drible e a liberdade na busca do gol.
Nesse panorama, a seleção conviveu com Lazaroni, Parreira, Felipão, Parreira de novo, Dunga e o retorno de Felipão tristemente encerrado com o megavexame nos 7 a 1 da Alemanha no Mineirão.
Mas, espera aí, como é que nesse período o nosso time ganhou duas copas ? A explicação é simples: quem ganha é o jogador e não o treinador.
Quando existem alguns craques para fazer a diferença, mesmo que o esquema adotado não seja perfeito, acaba dando resultado. Todos recordam as circunstâncias da conquista do tetra nos Estados Unidos, nos pênaltis contra a Itália. Mas nem por isso Taffarel, Aldair, Mazinho, Bebeto e Romário deixaram de merecer destaques individuais.
Mas em 2002 a equipe brilhou intensamente e o mérito foi dos craques que desequilibraram como o goleiro Marcos, os alas Cafu e Roberto Carlos, o meia Rivaldo e os atacantes Ronaldo e Ronaldinho Gaucho. Até o jovem, e surpreendente Kléberson, do Atlético tornou-se peça importante na construção do penta.
Na Copa de 2006, na Alemanha, a seleção foi eliminada porque faltou comando e os jogadores estavam com preguiça.
Agora, todos os olhares estão voltados para Tite. Com razão, afinal ele conseguiu motivar o grupo, escolheu os melhores, definiu um sistema de jogo moderno e, sobretudo, deu liberdade para todos. E a nova safra é boa.
A defesa ficou mais forte, o meio de campo ganhou mobilidade com Casemiro, Paulinho, William, Renato Augusto e Phillipe Coutinho, e os fantásticos Gabriel Jesus e Neymar fazem a diferença.
É a seleção de volta com os craques.