SAF do Coritiba não é salvadora, mas precisa aprender a respeitar o torcedor
Causou o maior mal estar na geral as últimas declarações do famoso publicitário e comunicador Roberto Justus sobre as relações da empresa comandada por seu genro – a Treecorp – com o Coritiba Football Club.
Desde a aprovação da Lei Pelé, em 1998, mudaram os conceitos do futebol brasileiro, pois os clubes deixaram de ser os donos absolutos dos passes dos jogadores, os quais passaram a ser controlados por empresários ou agentes profissionais, como queiram.
Consequentemente, também mudou a cabeça dos jogadores que, desde meninos, recebem ofertas para trocar de time. Adeus amor à camisa.
Com pouca formação educacional e cultural, os garotos bons de bola, praticamente se tornam milionários logo que assinam o primeiro contrato com um grande clube e as suas vidas passam a ser controladas pelos agentes que também oferecem assistência financeira aos familiares.
Assim sendo, os clubes tornaram-se simples empresas que agregam a mão de obra qualificada em um negócio trilionário pelo mundo afora.
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A última novidade foi a criação da sociedade anônima do futebol, as famosas SAFs, que apesar do otimismo inicial, sobretudo dos dirigentes que faliram os seus respectivos clubes por incompetência ou outros motivos, o que se pode concluir, em três anos, é que esse novo tipo de gestão ainda não merece o título pomposo de salvadores do futebol.
No mundo dos empreendimentos financeiros tradicionais as coisas acontecem naturalmente, dentro dos padrões de cada ramo de negócios, com investimentos, construções, técnicos especializados nos projetos, máquinas, funcionários, operários, etc. No futebol, além de tudo isso, existe o componente chamado torcida.
É mais ou menos como esses senhores que investem em religião. Não basta levantar a igreja, decorar o ambiente com as tradições da religião a ser seguida e colocar um pastor com boa voz e bom de papo. Tem que conquistar a confiança e a simpatia dos fiéis seguidores. E sem público, não há lucro.
Por isso, os novos gestores do Coxa, que insistem em lembrar que assumiram a direção de uma associação falida, necessitam ser mais hábeis quando se referem aos torcedores. Afinal, a essência do futebol é a arquibancada lotada, colorida e pronta para apoiar o time dentro de campo. Sem isso, nada feito.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...