O pragmatismo do futebol moderno sem sonhos e fantasia
Nem me refiro aos esvaziados campeonatos estaduais ou ao tecnicamente empobrecido futebol brasileiro, mas sim as perspectivas do ano em nosso continente.
As nossas equipes estarão envolvidas nos torneios nacionais e com especial atenção nas competições continentais – Libertadores da América e Sul-Americana – que rendem bom dinheiro.
É o pragmatismo do futebol moderno sem sonhos e fantasias. Até porque esse negócio de time dos sonhos parece coisa do passado.
Quando se fala do Real Madrid de Di Stefano, que jogava por música, ou do Santos de Pelé, o Palmeiras de Ademir da Guia, o Ajax de Cruyff, o Bayern de Beckenbauer, o Flamengo de Zico, o Real Madrid dos galácticos, em seguida de Cristiano Ronaldo ou, mais perto da atual geração, o Barcelona de Messi, provoca certa nostalgia.
O futebol bem jogado deixa lembranças eternas. A seleção da Holanda, por exemplo, praticava um estilo revolucionário, tanto que foi apelidada de Laranja Mecânica - título de um filme de Stanley Kubrick, efetivamente revolucionário sob o ponto de vista da agressividade.
Mas a seleção da Holanda era muito mais de agradar ao público e aos críticos com seu futebol de alta rotatividade e boa técnica do que propriamente de chegar às finais e, em chegando, de ganhá-las.
Não foi, decididamente, um selecionado vencedor, como a da Alemanha, por exemplo que chegou a nada menos do que oito finais de Copa do Mundo – e ganhou quatro. Nem como a do Brasil, que disputou sete finalíssimas e ganhou cinco.
O futebol holandês foi mais de encher os olhos da plateia do que de encher a sala de troféus da sua Federação. Era bonito de ver, mas modernamente o que vale mesmo é o resultado. Ou seja, decidir títulos e vencê-los com regularidade.
Tanto que os atuais vencedores de mundiais, seja de seleções ou de clubes, se destacam mais pela eficiência do que pelo brilho técnico. Aí estão os últimos campeões mundiais de clubes, Liverpool e Bayern Munique, com padrão de jogo eficiente e competitivo, mas sem merecerem ser chamados de time de sonhos.
Ou as últimas campeãs mundiais de seleções. Não é que o sonho acabou. O problema é que anda difícil reunir tantos craques fora de série em um mesmo grupo, como aconteceu em passado recente com o Barcelona dirigido por Guardiola.
Aquele sim foi o ultimo time de sonhos com Daniel Alves, Puyol, Piquê, Iniesta, Xavi, Messi e outros. Diante dos fatos, vamos conferir as finais do Mundial de Clubes com a presença do Palmeiras com pragmatismo. Afinal, hoje em dia, o importante é vencer.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...