A metódica e cruel desconstrução do Paraná
Eles conseguiram reduzir o Paraná Clube a um mero figurante no cenário do futebol brasileiro. Eles, a que me refiro, são os conselheiros e dirigentes que fizeram tanto mal ao clube nos últimos anos.
Quando surgiu como nova potência do futebol, o Tricolor reunia todas as condições para ser verdadeiro sucesso. E foi sucesso na sua primeira década de existência, com o pentacampeonato estadual e destacadas participações nos torneios nacionais.
Pujante como organização esportiva, com invejável
patrimônio, enorme parque aquático, dinheiro em caixa, milhares de associados e
um time altamente competitivo que lotava os estádios por onde passava.
O orgulho da torcida paranista era tamanho que me senti
honrado ao ser convidado pelos dirigentes Ernani Buchmann, Darci Piana e Luiz
Eduardo Dib para escrever a longa história que antecedeu e originou o pujante
Paraná Clube.
Foi um trabalho profundo e, modéstia a parte, bem elaborado,
ouvindo pessoas que vestiram com raro amor as camisas do Britânia, Palestra
Itália, Ferroviário, Colorado, Savóia, Água Verde e Pinheiros até chegarmos a
última década do século XX com o clube pronto para ser um sucesso no novo
milênio.
Os grandes homens foram passando, alguns se desinteressando
pelo clube por causa da idade e outros motivos, a renovação não se processou da
forma desejada e mergulhado em crises administrativas e financeiras, através
dos anos, o patrimônio foi sendo reduzido a pó.
Em mais de cinco décadas atuando como jornalista esportivo
jamais havia assistido a uma operação com tamanho grau de incompetência,
irresponsabilidade e falta de respeito as tradições de uma instituição.
Eles foram se sucedendo na gestão do clube, cometendo erros,
alguns se beneficiando pessoalmente dos desmandos, de forma a jogá-lo,
inexoravelmente, no lugar onde se encontra.
Lamentável e tristemente eles conseguiram colocar o Paraná Clube neste longo jejum de títulos de campeão, afastamento maciço de associados e torcedores, agravado pelo rebaixamento à Série D, o equivalente a 4ª Divisão do Campeonato Brasileiro.
Eles conseguiram acabar com o sonho dos tricolores que se orgulhavam da equipe que brilhava nos jogos das inesquecíveis tardes e noites da Vila Capanema.
Esta é, em poucas palavras, a pesarosa resenha da metódica e cruel desconstrução do Tricolor.
Mais sobre o declínio tricolor
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...