No futebol os técnicos precisam ser mais psicólogos do que técnicos
Num jantar em Hollywood para celebrar seu aniversário, o ator Charles Chaplin divertiu seus convidados a noite inteira imitando pessoas que conhecia: homens, mulheres e crianças, seu motorista, seus empregados japoneses, seus secretários. Finalmente, cantou a plenos pulmões uma ária de ópera italiana.
Alguém exclamou: “Bravo, Charlie, não sabia que você cantava tão bem!”. Ele respondeu: “Mas eu não canto nada. Estava só imitando o grande Caruso...”. A isso se dá o nome de talento e segurança.
Lembrei da historinha, contada num livro sobre cinema, refletindo sobre o quadro atual experimentado pela humanidade diante da impressionante pandemia do coronavírus. Falta talento para muita gente no controle e no combate a terrível praga, assim como a insegurança tomou conta de todos nós. Além do temor de contrair a doença, a maioria sofre as consequências do caos econômico e social que nos cerca, daí a grande angústia e uma sensação de completa insegurança.
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No futebol não tem sido diferente. Até pelo contrário, a
insegurança parece ter tomado conta da maioria dos profissionais. Um pouco por
conta da contaminação do vírus nos grupos de jogadores e funcionários dos
times; um pouco pela ausência de público nos estádios e, sobretudo, pela
maneira equivocada com que a maioria dos dirigentes administra os clubes de
futebol em nosso país.
Para os cartolas, basta assinar o cheque e contratar jogadores, depois vem as consequências da baixa produtividade em campo diante da escassez de talentos no mercado interno. Para os dirigentes, basta trocar de treinador para apostar na recuperação automática da equipe dentro das competições em que está envolvida. E mudam de técnico quantas vezes forem necessárias durante uma mesma temporada, sem o menor pudor.
Pelo panorama estabelecido no momento, observamos que no futebol os técnicos precisam ser mais psicólogos do que técnicos. Alguns se saem bem, outros não. Depende muito do conhecimento na área de relações humanas e motivação, larga experiência no futebol, carisma pessoal, prestígio para ser respeitado pelos jogadores, enfim, um arsenal de pequenos detalhes que compõem o grande painel emocional e operacional de cada time.
Acontece que no mundo sempre existem pessoas que te respeitam pelo que você é, e outros, que te odeiam pelo mesmo motivo. Daí o resultado obtido por alguns profissionais na tentativa de recuperação individual dos jogadores abalados pelos mais diversos motivos e da retomada de boas campanhas dos times; ou a dificuldade de outros profissionais no restabelecimento do equilíbrio psicológico e técnico das equipes.
Positivamente estamos vivendo um momento atípico e sem prazo estipulado para acabar. Tornou-se uma luta diária pela sobrevivência, em todos os planos e em todas as atividades.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...