O título do Athletico e a obra prima de Marcelo Cirino
O novo campeão da Copa do Brasil chama a atenção, entre outras tantas coisas, pelo fato de o título ter saído do chamado eixão do futebol brasileiro – Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Centros maiores e mais tradicionais do país, naturalmente os seus times são mais ricos, mais fortes e obviamente mais vezes campeão.
No entanto, o Athletico Paranaense vem construindo a sua história no novo século, que se iniciou com o título de campeão brasileiro em 2001.
Depois vieram um vice nacional e um vice na Libertadores, outro vice na Copa do Brasil, uma conquista continental na Sul-Americana, uma conquista intercontinental na Copa J League/Conmebol no Japão e, agora, a volta olímpica na capital gaúcha.
Não é pouca coisa para um clube que, ao mesmo tempo, construiu o centro de treinamentos mais moderno do país, e duas arenas no mesmo local.
A segunda Arena da Baixada, construída com as especificações da FIFA para jogos da Copa do Mundo, possui a exclusiva grama sintética e o exclusivo teto retrátil. Portanto, é o estádio, tecnologicamente falando, mais atualizado do país.
Ufa ! Mas tem mais.
Tem o trabalho de descobrimento de valores no CT do Caju que, desde as revelações do pentacampeão mundial Kléberson e dos garotos de ouro Fernandinho, Jádson e Dagoberto, entre tantos outros, recentemente apresentou o ala esquerdo Renan Lodi, agora no Atletico de Madrid.
Já tem olho grande em cima do ala direito Khellven, do zagueiro Léo Pereira, do meia Bruno Guimarães e dos atacantes Nikão e Ronny.
Além da equipe, que mescla jovens com jogadores experientes, com futebol rápido e envolvente, altamente competitivo possui a sabedoria do treinador Tiago Nunes.
Nas partidas decisivas com Flamengo, Grêmio e Internacional todos reconheceram o valor técnico do Furacão. Muita gente vem jogando bem, ajudada pela excelente arrumação estabelecida por Tiago Nunes.
Ele perdeu meio time nesta temporada: Tiago Heleno e Camacho por doping, Renan Lodi negociado, Rafael Veiga e Pablo que deixaram o elenco após o triunfo na Copa Sul-Americana.
Reinventou o sistema defensivo, lançando o jovem Robson Bambu, improvisou como pode até encontrar a solução do meio de campo com Léo Cittadini e a consagração final, com resultados expressivos no Maracanã e Beira-Rio, portanto em gramado natural.
Todos saúdam o título atleticano e a obra prima de Marcelo Cirino.
Nem precisava daquilo, afinal o jogo se encaminhava para o final e a conquista estava assegurada com o empate. Mas a inventividade e descontração de Marcelo Cirino fecharam com chave de ouro a triunfal campanha.
Foi uma jogada genial, no melhor estilo do imortal Mané Garrincha.
Marcelo Cirino recebeu a bola na ponta esquerda, dominou, tentou segurar um pouco para o tempo passar, mas quando se viu assediado por dois zagueiros do Internacional resolveu dar o drible desmoralizante e sair livre com a bola até encontrar um terceiro defensor que foi devidamente driblado. Daí desferiu o passe preciso para Ronny fechar a conta e encerrar mais uma edição da Copa do Brasil.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...