Daniel Alves, Adriano, Rafinha… a volta dos ídolos e a chance de redenção do Brasileirão
A recepção da torcida do São Paulo ao veterano craque Daniel Alves, no Morumbi, simbolizou a sede popular por ídolos. Privado dos poucos bons jogadores que surgem a cada temporada, claramente o futebol brasileiro empobreceu.
O bom de bola da categoria de base mal veste a camisa do time principal e já é mandado para o exterior. Os intermediários e os dirigentes se divertem com o dinheiro que circula. Porém, os clubes continuam na penúria, com as raríssimas exceções que servem apenas para confirmar a regra. Mal administrados os clubes seguem a vida baseados em patrocinadores, investidores ou, sobretudo, na verba oferecida pela televisão.
Na arquibancada os torcedores continuam rezando de mãos postas para que algum poder superior faça algum milagre e nenhum time de fora acredite nos empresários que detêm o controle sobre jogadores que supostamente são do clube. Nesse panorama, pois é impossível abastecer todos os times das séries A e B diante de tamanho êxodo de matéria-prima, o futebol nacional perdeu a natureza e os campeonatos se arrastam.
Menos mal que ainda existem torcedores apaixonados, cuja maioria não se importa com a categoria das equipes ou com o padrão dos jogos, contentando-se com o resultado final. Ganhou está bom; perdeu, parte para cima dos adversários nas ruas, nos terminais de ônibus e metrô, enfim, onde houver encontro de facções.
Mas os bons tempos podem estar de volta. Talvez nem tão bons tempos, mas, diante das circunstâncias do momento, recomenda-se acreditar que o futebol pode melhorar com o retorno de alguns craques consagrados. Sim, é verdade que Ganso ainda não deu a contribuição técnica esperada pela torcida do Fluminense, em compensação Vagner Love está marcando os seus golzinhos no Corinthians. E Diego Tardelli despertou no Grêmio.
Mas as grandes apostas são mesmo Rafinha e Filipe Luis, no Flamengo; Ramires, no Palmeiras; Adriano, no Athletico e, principalmente, Daniel Alves no São Paulo. Não custa torcer para que o modismo funcione e que as partidas possam voltar a ser interessantes, sem a necessidade de mudar de canal mesmo com a bola rolando.
No caso específico do Athletico, que acabou de conquistar mais um titulo, agora a Copa Intercontinental J.League/Conmebol, no Japão, a chegada de Adriano é positiva. Faz parte do projeto original atleticano. Ou, por outra, depois da construção do CT do Caju e da Arena da Baixada, a diretoria partiu para a realização dos sonhos da torcida.
Só que, com a tal torcida humana, uma experiência antipática, e ineficaz sob o ponto de vista de segurança pública, a Arena da Baixada esvaziou. Mas com a liberação do estádio, anunciada nesta semana, o Caldeirão voltará a ferver.
Contando com atrações no time, fortalecido pelas últimas conquistas – não se deve esquecer que o Furacão sagrou-se bicampeão paranaense jogando com o time reserva contra as formações principais de todos os adversários – e tornando-se frequentador permanente do calendário continental – Libertadores ou Sul-Americana – o Athletico está dando um salto de qualidade técnica. Esta é a cartilha certa para o ambicionado protagonismo atleticano.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...