O futebol brasileiro vive uma fase delirante
Pela ausência de dirigentes preparados e de profissionais mais capacitados para atender à grande demanda, o futebol brasileiro atravessa momento delicado.
Basta correr os olho pelos pobres jogos dos campeonatos
estaduais em andamento; lembrar do limitado conteúdo técnico, nas quatro
divisões, dos últimos campeonatos brasileiros e até mesmo pelo que vem
mostrando a seleção.
É de uma pobreza técnica comovente.
Ah, poderão dizer, mas a seleção é constituída pela maioria absoluta de jogadores que atuam na Europa, portanto, deveriam contribuir mais no conjunto.
Pois é exatamente aí que reside o problema: o coletivo é falho, pois o técnico Tite ainda tem dúvidas para a definição do time titular, perde tempo com jogadores que já passaram da hora como Dani Alves, Phillipe Coutinho e outros, sim existem outros. Gabriel Jesus, por exemplo, que não marca gol pelo Manchester City há muito tempo. E muito menos pela seleção.
O futebol que se joga no Brasil é de impressionante baixo nível técnico. Claro que as exceções de Palmeiras e Atlético-MG servem apenas para confirmar a regra geral. Até o Flamengo com um elenco milionário passou em branco na temporada passada.
Delírio do futebol brasileiro beira à esquizofrenia
O futebol brasileiro vive uma fase delirante. Beirando à esquizofrenia.
Surgem técnicos estudiosos, atualizados, jovens, ambiciosos,
mas logo caem na vala comum da mediocridade que assinala a atividade
futebolística em nosso país nos últimos anos.
Os jogadores também não ajudam. Mal formados na base, quando ganham a oportunidade de mostrar suas qualidades ficam pelo meio do caminho. Os melhores acabam indo para o exterior ainda meninos.
Goleiros e defensores parecem não saber o momento exato de dar um passe e o de dar um chutão. Rebatem a bola quando é para passar e passam quando é para rebater.
Zagueiros se posicionam invariavelmente mal nas bolas altas e encontram dificuldade para sair jogando com os jogadores do meio de campo. Os armadores praticamente desapareceram dos nossos campos. Parece até que a inteligência do futebol foi embora.
Quanta saudade de craques criativos como Didi, Gerson,
Ademir da Guia, Rivelino, Paulo Cesar, Cerezzo, Falcão, Sócrates, Dirceu Lopes,
Adílio, Rivaldo, Kléberson, Kaká, Ricardinho e tantos mais que enchiam os olhos
do público com dribles, lançamentos perfeitos ou assistenciais irretocáveis.
Dos atacantes nem vou escrever porque simplesmente é raro
ver um novo homem gol preparado.
Tentam inventar fenômenos na Copinha ou nos torneios das
categorias de base, mas eles não confirmam quando ganham lugar no time
principal.
Outra vez, as raras exceções, como Vinícius Junior, simplesmente confirmam o padrão de pobreza franciscana do futebol em nosso país.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...