Opinião

O futebol brasileiro começa a entender o Athletico. Clube que é, antes de tudo, um estilo

Por
Carneiro Neto
06/09/2019 18:43 - Atualizado: 29/09/2023 23:23
O futebol brasileiro começa a entender o Athletico. Clube que é, antes de tudo, um estilo
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Para entender o Club Athletico Paranaense é preciso saber que o Athletico é, antes de tudo, um estilo. Um estilo diferente de existir, de torcer, de jogar e de se posicionar dentro do moderno contexto futebolístico.

E, para descobrir o Athletico como estilo, temos de esquecer o lugar comum do futebol. Nascido do que se entendia por elite no começo do século passado, o novo clube foi logo apelidado de Cartola, Pó de Arroz e outros apodos que o identificavam com as famílias mais tradicionais de Curitiba.

Na virada de 1968, com a contratação dos bicampeões mundiais Bellini e Djalma Santos e a explosão de sua torcida, batendo recordes em todos os estádios da cidade – recordes que jamais foram superados –, virou o Time do Povão.

Saiu de cena o símbolo do Cartola, que milhares ostentaram durante décadas na lapela dos paletós, e entrou de vez o heterônimo Furacão. A segunda e definitiva virada na rica história atleticana aconteceu em 1995 com a chegada de Mario Celso Petraglia.

Com profunda visão estratégica, ambição, determinação e humor gótico, Petraglia liderou um grupo de dirigentes que contribuiu decisivamente para essa verdadeira arquetipologia do novo futebol. Sonhos, hipérboles, transbordamentos, planos, construções, tudo foi acontecendo na Baixada e arredores.

O tempo passou, quase 25 anos rolaram, pedras falaram, o mais moderno centro de treinamentos do país foi construído, duas arenas foram edificadas no mesmo lugar, títulos foram conquistados, mortos levantaram-se das tumbas, até que finalmente o futebol brasileiro começa a entender o Athletico.

Sempre acertando no conteúdo, mas muitas vezes errando na forma, Petraglia conseguiu moldar o clube a sua imagem e semelhança. Passou por cima de muita gente, desencantou colaboradores fiéis dos primeiros anos, desagradou torcidas organizadas e torcedores comuns, agiu como um trator até que se tornou, finalmente, o dono do pedaço.

Até a jovem oposição, que por muito pouco não ganhou as últimas eleições, parece ter se convencido de que o melhor caminho será mesmo uma união geral. Mas a essência continua sendo a paixão pelo time.

Com revelações surgidas no CT do Caju, que vão do pentacampeão mundial Kléberson ao desconcertante juvenil ala direito Khellven, que ajudou a desmontar o sistema defensivo do Grêmio na última partida, um bonito retrospecto engrandece a permanente renovação do Furacão.

Tiago Nunes, revelação como técnico lançado pelo clube, demonstrou sabedoria ao superar todas as dificuldades impostas pelas circunstâncias, improvisou e desenhou a estratégia de jogo, injetando confiança e alma aos jogadores que conseguiram a virada histórica sobre o poderoso rival gaúcho. 

Agora vem outro, o Internacional. Mas o principal já foi conquistado, que era chegar a mais uma final da Copa do Brasil. Daí, o jubilo e o contentamento de todos os torcedores que contemplam, orgulhosamente, a chegada da equipe a mais uma final de copa, nove meses depois de ter erguido a taça de campeão da Copa Sul-Americana.

Este é o resultado de um trabalho sibilino, mas real e eficiente. O Athletico deixou de ser um clube periférico e passou a ocupar lugar de destaque no cenário futebolístico continental.

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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...

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