O futebol brasileiro a espera de um milagre
Um milagre que, segundo a Igreja Católica, tradicionalmente acontece três vezes por ano na catedral de Nápoles, na Itália.
Só que o milagre deixou de acontecer em dezembro de 2016.
O que seria o sangue seco de São Januário, um mártir que viveu por volta do ano 305, não se liquefez – acontecimento que, dentro da tradição católica, é encarado como um prenúncio de grandes tragédias.
O suposto sangue, mantido em uma ampola de vidro, se liquefez tradicionalmente em maio e em setembro, sendo que em março de 2015, segundo o jornal La Republica, na presença do papa Francisco.
Em Nápoles, desde então, o fato de o milagre não se realizar tornou-se uma premonição de acontecimentos ruins.
Conforme a reportagem sobre o tema, moradores apontam que o fenômeno aconteceu em 1980, quando um terremoto atingiu o sul da Itália; em 1973, quando houve uma epidemia de cólera na região Sul do país; em 1943, quando a Itália foi ocupada pelos nazistas; em 1940, quando o país entrou na Segunda Guerra Mundial e em 1939, quando a guerra começou.
Por isso, os italianos consideram que o acontecimento prenunciou a chegada da terrível pandemia do coronavírus que tirou a vida de milhares de pessoas pelo mundo afora.
O Brasil, que poderia ter se tornando referência no combate a peste moderna, politizou o drama e perdeu-se durante a quarentena mal organizada pelas autoridades.
O confronto entre a visão estratégia dos governadores estaduais e o governo federal foi fatal para a perda do controle no combate ao vírus que se alastra cada vez mais, em vez de caminhar para o desaparecimento.
Mesmos países descuidados, como Itália e Espanha, por exemplo, a curva da praga começou a baixar, o número de vítimas diminuiu e até o futebol está voltando a ser praticado.
Tudo porque as autoridades governamentais, médicos, epidemiologistas, sanitaristas, etc., atuaram com eficiência e coordenação. Contaram, evidentemente, com a colaboração da população que manteve o isolamento exigido para a grave e desconhecida pandemia.
No Brasil, lamentavelmente, o povo mostra-se atônito com o volume de informações e contra informações divulgadas diariamente nos veículos de comunicação, estatísticas desencontradas e ausência de uma orientação padrão em nível nacional.
Cada prefeito e cada governador tomam uma decisão. Ninguém sabe quem está agindo corretamente no caos.
E o governo federal trocou duas vezes o Ministro da Saúde nos últimos dois meses e ainda não apresentou um plano nacional eficiente para o combate padronizado e unificado do grave problema.
Assim, enquanto a bola volta a rolar na Europa o futebol brasileiro continua a espera de um milagre.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...