O desafio de Dorival Junior é resgatar o respeito à seleção brasileira
No meio das férias de fim de ano, li e ouvi que o meu amigo Dorival Junior aceitou o convite para comandar a seleção brasileira como realização de um sonho pessoal. Conhecendo o Junior, desde os tempos de jogador do Coritiba e depois como vitorioso técnico, entendi o seu motivo.
Muito natural para quem vive há tantos anos dentro do futebol e mantém a mística da única seleção pentacampeã mundial no coração. Pena que os tempos mudaram e para pior.
Respeito perdido por culpa dos diversos dirigentes que enlamearam a imagem da Confederação Brasileira de Futebol nas últimas décadas, dos erros cometidos por vários treinadores e o indisfarçável desinteresse de alguns jogadores que se tornaram milionários fora do país.
A seleção vem fracassando tecnicamente nos últimos 20 anos, primeiro, porque não temos mais uma geração de craques como havia no passado. A última grande geração foi a da conquista do penta, em 2002, miseravelmente desperdiçada na Copa do Mundo seguinte, por falta de comando da CBF e da então já superada dupla vitoriosa Zagallo/Parreira.
A indisciplina tomou conta de um grupo de grandes jogadores com muito dinheiro no bolso. De lá para cá, observou-se a decadência ética e moral do comando da CBF, treinadores cometendo avaliações equivocadas e, sobretudo, poucas revelações de autênticos craques fora de série.
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Melhor organizadas, contando com treinadores e jogadores mais preparados, as seleções europeias se revezaram no pódio sem esquecer de mencionar os humilhantes 7 a 1 aplicados pela Alemanha no Brasil em pleno Mineirão. O resto é história.
Mesmo com a CBF desmoralizada e politicamente tumultuada, surgiu o competente Dorival Junior com a coragem de aceitar o desafio de tentar resgatar a imagem e a credibilidade da seleção, fortemente abalada pelos insucessos dos últimos anos.
Se conseguir convencer os ilustres jogadores que atuam no exterior da importância que representa a equipe nacional para o país, e que se entreguem a ela com a aplicação que dedicam aos seus clubes, é possível que surja uma luz no fim do túnel.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...