O coronavírus colocou a humanidade de joelhos
Quando a gente sai para fazer alguma compra na farmácia ou
no supermercado observa, com tristeza e uma pitada de melancolia, as ruas
vazias, algumas pessoas usando máscaras, enfim, um pavoroso cenário de filme de
ficção. E filme de ficção B, daqueles com direito a pandemias e monstros de
todos os modelitos.
O coronavírus colocou a humanidade de joelhos.
A aldeia globalizou-se por satélite; as culturas se
misturaram por osmose eletrônica; o lazer insulou-se dentro de casa; as modas
cibernéticas e de comunicação acompanham, sem muito o que poder fazer, o terror
que a pandemia mundial causa em escala vertiginosa.
Apesar do raio laser, cable TV, CDs, videolivro, holografia, videotexto, cartão magnético, WhatsApp, Instagram, etc.
Um maravilhoso mundo novo. Só que a beira do abismo por
causa de um vírus.
Não está fácil conviver com o tiroteio de noticiais,
informações e contrainformações de médicos, cientistas, economistas e,
sobretudo, a lamentável classe governante que, vil e maliciosamente, politizou
o drama de todos nós.
Todos fazem a mesma pergunta, mas as respostas não são
satisfatórias ou continuam longe de convencer.
Vivemos tempos estranhos, onde alguns fenômenos típicos das sociedades pós-industriais, inflacionadas por uma circulação sem paralelos de informações úteis e inúteis, riquezas, ideias, discursos e expectativas modernas onde nada é definitivo.
Nestes tempos de retiro e reflexão, com a intuição em riste,
e um intelecto coletivo sem receio de aporias e redundâncias, nem preconceitos
com as banalidades do dia-a-dia.
Fim das grandes teorias globalizantes, como o marxismo que
inevitavelmente entrou em colapso, dos grandes objetivos salvacionistas e dos
grandes explicadores da natureza humana.
Todos estão levando um baile do coronavírus. Nem a OMS –
Organização Mundial de Saúde – conseguiu escapar do show de bola imposto pelo
micróbio chinês.
Estamos sendo salvos pela fé cristã, pela razão científica e
pela verdade filosófica. Quem não conseguir isso, encontrará muitas
dificuldades para enfrentar a quarentena.
Tudo parado. Tudo sombrio.
Existe alguma coisa mais sem graça do que um estádio de futebol vazio?
Ou, pior, uma moderna arena de futebol sem os jogadores dentro de campo e a torcida na arquibancada?
Nenhuma certeza, apenas a sensação de que tudo já foi inventado, com inflação de pastiches, e muitas dúvidas. Dentre elas, a que mais aflige a população: quando será descoberto o remédio contra essa assustadora bactéria ?
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...