O Brasileirão se arrasta e os torneios mata-mata empolgam
No campo dos sonhos muitas imagens permanecem gravadas em nossa retina ou apenas na memória.
Muitos atleticanos do meu tempo ainda se emocionam quando recordam do título de campeão de 1970, em Paranaguá, ou os torcedores do Coritiba que comemoram, ruidosamente, o primeiro tricampeonato em 1983, na calorosa recepção dos campeões na rodovia do Café.
O tempo, o acaso e as emoções fazem diferença em uma vida bem vivida.
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Mas, como quase tudo mudou nos últimos anos, ou mais precisamente, desde a virada do século com a moderna tecnologia invadindo a nossa privacidade, transformações radicais no comportamento humano - pessoal e profissional - agravadas pela pandemia, seguida de uma insensata guerra russa que está minando a economia mundial, o futebol não poderia deixar de ser atingido.
Basta dar uma olhada no desinteresse da maioria pela Copa do Mundo que será disputada daqui a pouco mais de um mês no Qatar. Não fossem os álbuns de figurinha e talvez ninguém se desse conta.
Nem estou falando do baixo nível técnico da maioria das seleções classificadas – 32 países representados em um torneio eminentemente mercantil e político -, mas pela ausência de glamour.
Sim, o glamour que encanta na Liga dos Campeões da Europa, nos principais campeonatos das Ligas Europeias ou mesmo na nossa Copa Libertadores da América.
E o futebol brasileiro passa por um momento de transição.
Ou, por outra, em vez de sabermos de cor as escalações dos nossos times de coração – hoje em dia os técnicos rodam cerca de 30 jogadores por temporada -, apenas guardamos doces recordações dos títulos que marcaram época e assistimos futebol pela televisão como artigo para consumo rápido.
Por isso, o Brasileirão se arrasta e os torneios mata-mata empolgam.
Com o Palmeiras campeão antecipado, restam as disputas pelas vagas na próxima Libertadores, Sul-Americana e o pau-de-sebo dos times que lutam contra o rebaixamento.
Ainda bem que temos as finais da Copa do Brasil entre Flamengo e Corinthians e a decisão da Copa Libertadores da América entre Athletico e Flamengo.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...