O Athletico antes e depois de Mario Celso Petraglia
Ao completar 80 anos de vida e de quase 30 anos no comando do Club Athletico Paranaense, Mario Celso Petraglia tem recebido as mais diversas manifestações de apreço, carinho e reconhecimento pelo extraordinário trabalho realizado.
Até mesmo aqueles que não mantêm relações próximas, como é o meu caso, conseguem separar o mérito do grande líder do futebol brasileiro do homem ensimesmado, orgulhoso e de difícil relacionamento.
Sinto-me completamente à vontade para falar sobre Petraglia, pois o conheci nos estádios em jogos do Furacão através dos últimos 50 anos. Meu ouvinte fiel, sempre admirei o seu comportamento e as observações que fazia sobre o clube invariavelmente em crise financeira.
Participando da Retaguarda Atleticana, liderada pelo idealista Valmor Zimermann e tantos outros, ele participou do movimento de estabilização do clube no início da década de 1980, das aventuras de comprar o Pavoc, levar o time para o Pinheirão e trazê-lo de volta para a Baixada com a edificação do chamado Farinhacão, até a revolução definitiva de 1995.
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O Athletico antes e depois de Mario Celso Petraglia oferece material para reportagens espetaculares, homenagens, decepções, enfim são cem anos de história. Mas depois de maio de 1995 tudo mudou e para muito melhor, graças à liderança deste administrador nato, autoritário, visionário, obstinado e realizador.
Se as vaidades e os desentendimentos tivessem sido contornados em nome do progresso do clube e se Petraglia não tivesse optado por ficar sozinho, contando apenas com a colaboração de executivos profissionais que entraram e saíram ao sabor dos ventos ou com colaboradores amadores de menor expressão na diretoria, o Athletico, além do magnífico salto patrimonial com a edificação da Arena da Baixada e do CT do Caju, teria engatado um rosário muito maior de títulos de campeão.
Mas com vigor incomum, determinação, indiscutível talento para organização e enorme capacidade de absorver fatos, revelou-se um dirigente no futebol muito acima da média. Todos se contagiaram com o seu espírito de liderança, competitividade, velocidade de raciocínio, decisão e valorização da competência. As falhas se verificaram nas relações humanas e, sobretudo, nas escolhas de supervisores, técnicos e de jogadores através das décadas.
Petraglia notabilizou-se como um homem vitorioso, que possui a mais básica qualidade do gestor: o gosto pelo poder e a capacidade de administrá-lo. Quando toda essa carga aprendida na iniciativa privada chegou a um time de futebol percebeu-se, desde logo, que o Athletico estava em processo de transformação tornando-se um dos clubes mais modernos do futebol mundial.
Ao ver, mesmo à distância, Mario Celso Petraglia comemorar 80 anos de vida e o sucesso do seu clube de coração, faço minhas as palavras de Jean Cocteau: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez.”
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...