O portal da glória abre-se para Neymar. Será eleito o melhor do mundo?
Parece que a expressão “Elementary, my dear Watson!”, empregada pelo detetive Sherlock Holmes para se referir à estupidez dedutiva de seu parceiro, o Dr. Watson, pode ser aplicada ao craque Neymar neste final de semana.
Se o PSG conseguir ser campeão europeu pela primeira vez e Neymar se destacar no jogo final com o Bayern, o brasileiro certamente será eleito o melhor jogador desta temporada europeia. Elementar, meu caro Watson!
Vários fatores colaboram para que o sonho se concretize. Iniciando, é claro, pela classificação do milionário time francês para a grande decisão com o poderoso rival alemão em Lisboa. O Bayern tem couro grosso, curtido por tantas decisões, conquistas e frustrações que, como todos sabem, compõem o painel futebolístico.
Muitos acreditam que Neymar tem sido castigado pela sorte nos últimos anos. A começar pelos seus fracassos na seleção brasileira nas Copas do Mundo que disputou. Esteve bem abaixo da expectativa, tanto que saiu da lista tríplice que vinha assinalando a escolha do melhor da Europa até então. Ou seja, Messi e Cristiano Ronaldo se revezavam no pódio e Neymar corria por fora. Nem isso aconteceu nas últimas temporadas.
Porém, os fatos e os búzios favorecem o brasileiro, pois o argentino e o português se aproximam do final de carreira e estão fora do páreo simplesmente porque Barcelona e Juventus não se classificaram. Diante disso, o portal da glória abre-se para Neymar.
Ele vem jogando bem, tanto quanto Mbappé ou Di Maria. Ele vem apresentando aquela característica proteiforme que lhe proporciona criar jogadas espetaculares, com dribles sutis, passes perfeitos e gols. Gols, aliás, que lhe faltaram na última partida apesar da grande atuação. Com essa capacidade de mudar frequentemente de forma, Neymar
tornou-se um jogador diferenciado.
O seu maior problema é a personalidade fora de campo. Muito mimado pela família, amigos, dirigentes, torcedores e a mídia de maneira geral, ele tem perdido a concentração em diversos momentos importantes da sua carreira. Chegou a encerrar a Copa da Rússia em posição humilhante para um astro da sua grandeza. Virou piada mundial com a sucessão de cai-cai em campo.
Aparentemente recuperado emocionalmente e focado em levar o seu time ao título, torna-se mais viável a realização do completo êxito neste domingo em Lisboa. Além de todos esses fatores alinhados, será preciso combinar com Lewandowski e Thomas Müller, seus concorrentes diretos no Bola de Ouro da FIFA, para que não estraguem a festa.
Neymar, como Sherlock Holmes, ou como todo gênio no que se dedica a fazer, é um indivíduo cheio de fantasias. Vamos para o jogo! Ou melhor, para o jogão!
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...