Morreu Maradona: maior do que Messi, menor do que Pelé
Após uma vida agitadíssima, tanto dentro quanto fora dos campos de futebol, o deus argentino da bola, Diego Armando Maradona morreu aos 60 anos de idade.
O mundo futebolístico chora a perda do grande ídolo e
espetacular malabarista da bola.
No filme faroeste “O homem que matou o facínora” o
personagem de John Wayne foi quem realmente matou o pistoleiro Liberty Valance,
interpretado por Lee Marvin. Mas quem levou a fama foi o advogado Ramson
Stoddard, vivido pelo ator James Stewart.
Com o crédito por livrar a cidade de um fora da lei
desumano, o herói seguiu carreira política com sucesso.
Tudo porque, mesmo confessando a história para o jornalista
da cidade, o então Senador Stoddard teve de curvar-se ao argumento de que se a
lenda for melhor que a verdade, é melhor ficar com a lenda.
Ouvindo a notícia da morte de Maradona e conhecendo a sua história, cheguei à conclusão de que é melhor ficarmos com a lenda do que com a vida privada do ídolo inesquecível.
A lenda de Maradona é melhor do que a sua conturbada vida
cheia de drogas, punições, problemas com mulheres, estranhas amizades com
ditadores latino-americanos comunistas ou a sua inexpressiva tentativa de tornar-se
técnico de futebol.
Fiquemos com o craque eterno em nossa memória.
Maradona foi maior do que Messi, mas menor do que Pelé.
Explico: Messi é um supercraque no Barcelona, eleito várias vezes o melhor jogador do planeta, campeoníssimo pelo time catalão, mas sempre uma decepção na seleção argentina.
Falta-lhe carisma e personalidade para carregar o time
nacional nas costas como fez Maradona, o grande responsável pela conquista do
título mundial de 1986, na Copa do México.
Levou a Argentina à final do Mundial de 1990, na Itália, e mesmo derrotado pela Alemanha, todos reconheceram a arte, o esforço e a liderança do menino nascido no bairro de Lanús, na grande Buenos Aires.
Humilhado ao ser flagrado pela comissão antidoping na Copa
de 1994, nos Estados Unidos, iniciou a dolorosa decadência até os últimos jogos
em defesa do seu querido Boca Juniors.
Por que Maradona foi menor do que Pelé ?
Por tudo, afinal o craque brasileiro era ambidestro, exímio cabeceador, driblador, fisicamente bem dotado, marcou 1.300 gols, ganhou três Copas do Mundo pela seleção brasileira e um rosário de outros títulos pela equipe nacional e pelo seu adorado Santos.
Toneladas de tinta já foram derramadas nas análises das
características pessoais e estilísticas dos dois maiores gênios que o futebol
produziu. Fico com o brasileiro.
Pelos seus impressionantes números na carreira, pelo estilo de jogo e pelo comportamento mais discreto ao sair da ribalta do futebol.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...