Inquietante o início de ano dos nossos times
Sei que muitos leitores e torcedores não estão aguentando mais o clima de malhação geral que assola o futebol brasileiro.
Entretanto, é como dizia o cardápio daquele antigo restaurante – "É o que temos para hoje" -, refletindo a carência de melhores opções.
Com os arrastados campeonatos estaduais apresentando padrão que beira a indigência técnica, tanto que diversos treinadores já perderam o emprego, e muitos jogadores estão sendo cobrados, torna-se difícil acreditar que a recuperação acontecerá no curto prazo. Nem no médio. Talvez no longo prazo.
É absolutamente inquietante o início de ano dos nossos times.
Não é à toa que o Cascavel lidera o campeonato, pois o Paraná enfiou-se na última colocação e está seriamente ameaçado de rebaixamento para a Série B.
Logo ele, que caiu para a Série D nacional na temporada passada. Parece que se tornou vício. Mas é mesmo falta de planejamento profissional no departamento de futebol.
A dupla Atletiba, com atraente calendário pela frente, conseguiu decepcionar inteiramente no primeiro clássico. A começar pelo mau comportamento das torcidas, forçando o árbitro a paralisar o jogo por causa dos conflitos, diante de um policiamento com operosidade patética no estádio Couto Pereira.
Em campo, duas equipes desarrumadas, sem inspiração e com sistemas de jogo bem distante das necessidades futuras quando terão pela frente adversários mais qualificados.
Com tudo para fazer um grande ano - com o retorno à Copa Libertadores da América - é absolutamente desconcertante observar a desorganização do futebol atleticano.
E não estou me referindo as saídas de Paulo Autuori e Ricardo Gomes, até agora não explicadas pela diretoria, depois de apresentações com requintes hollywoodianos dos novos jogadores contratados.
Estou me referindo ao absurdo que representa não colocar a equipe principal para jogar no Estadual. Aí está o resultado: com apenas duas partidas não se sabe qual é a formação principal e muito menos o sistema de jogo a ser adotado.
E quarta-feira (23) tem compromisso com o Palmeiras, pela Recopa Sul-Americana.
A torcida começou a cansar um pouco das explicações – em espanhol corrente – do treinador Gustavo Morínigo que até agora não definiu a escalação ideal e muito menos mostrou o desenho tático desejado.
Com poucos investimentos, o Coritiba praticamente manteve a base que possuía e o mesmo estilo de jogo. Ou seja, é pouco para o esperado retorno à Série A do Campeonato Brasileiro.
Mas este culto à depressão que tomou conta de nós mesmos e, em especial, do nosso futebol é que se está tornando insuportável.
Será que não existem mais bons jogos, nem bons jogadores?
Respostas para a redação.
Sinceramente, não acho que estamos exagerando nas nossas exigências.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...