A indigência técnica causa oscilação nos times brasileiros
A péssima qualidade técnica do clássico Atletiba e as decepcionantes atuações de São Paulo e Flamengo, dois fortes candidatos ao título da temporada, despertaram a atenção daqueles que vinham atribuindo ao acaso a pobreza registrada nos jogos do Campeonato Brasileiro.
Pessoalmente, há algum tempo venho depositando na conta da deficiência técnica da maioria dos jogadores e na soberba da maioria dos treinadores o motivo pelo qual as equipes não conseguem manter sequencia satisfatória de apresentações e, consequentemente, de bons resultados.
Cito São Paulo e Flamengo, que foram derrotados na rodada – o primeiro pela formação reserva do Santos, no Morumbi e, o segundo, pelo aguerrido Ceará, em pleno Maracanã – porque reúnem ilustres personagens do que restou de bom no atual futebol brasileiro.
Ou, por outra, com o material humano disponível chega a ser inexplicável que Flamengo e São Paulo não disparem na liderança, assim como Palmeiras, Santos, Grêmio e Atlético Mineiro.
Para surpresa geral quem assumiu a vice-liderança foi o irregular Internacional, comandado pelo inesgotável Abel Braga.
Entre um faniquito e outro, Fernando Diniz deu padrão de jogo ao São Paulo, mas não pode fazer o milagre de recuperar o bom futebol e, sobretudo, o condicionamento físico do veterano Daniel Alves, uma caricatura como meia armador do que foi no passado como brilhante ala direito.
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Com o melhor elenco do país o Flamengo simplesmente perdeu a tramontana com a saída do português Jorge Jesus. O time caiu verticalmente de rendimento, inicialmente com o catalão Domenec Torrent, e, agora com o promissor Rogerio Ceni, que mais parece um aprendiz de feiticeiro no comando do time que tem craques do nível de Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique, Pedro, Gabigol e outros.
O horror vivido pelos torcedores de Coritiba e Athletico durante o último clássico foi apenas o reflexo do baixo padrão técnico das duas equipes.
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A indigência técnica causa oscilação nos times brasileiros.
Com a indelével participação dos técnicos. Paulo Autuori, por exemplo, que realiza eficiente trabalho no Furacão, foi infeliz na escalação escolhendo o esgotado Lucho Gonzalez e deixando no banco o promissor Cristhian. Jogou fechado, para não perder, tanto que não levou perigo nenhuma vez a meta do goleiro Wilson. Sem esquecer da falta que fizeram Nikão e Renato Kaizer.
No Coxa é melhor nem falar de treinador, pois o paraguaio Gustavo Morínigo representa a sétima experiência em um mesmo campeonato. Uma orgia, sem dúvida.
Finalizando, concluo que a ausência de bons jogadores – basta observar a dificuldade que muitos têm para dominar a bola, passar, tabelar, driblar e, sobretudo, finalizar a gol – diminuiu significativamente a capacidade criativa da maioria dos times brasileiros de todas as séries. De A a D.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...