Gritos e sussurros entre Petraglia e Tiago Nunes no Athletico
O gaúcho Tiago Retzlaff Nunes entrou definitivamente para a história do Athletico depois de ter conquistado títulos estaduais, a Copa Sul-Americana, a Copa do Brasil e ajudado a revelar grandes jogadores no CT do Caju.
O também gaúcho Mario Celso Petraglia entrou definitivamente para a história do Athletico depois de ter liderado uma verdadeira revolução de ideias, planos, obras, métodos e costumes dentro do clube nos últimos 25 anos.
Pelo que sabemos, pois o clube é muito fechado e o presidente se comunica só com quem lhe interessa, desprezando solenemente a mídia convencional local, os dois nunca foram muito próximos.
Pelo que se ouve dizer, entre gritos e sussurros, Petraglia teve de engolir Tiago Nunes como treinador do time principal depois do rocambolesco fracasso do seu preferido, Fernando Diniz.
As relações entre eles teriam sido meramente profissionais, apesar do sucesso de público e crítica que ambos alcançaram aos olhos do torcedor atleticano e do futebol brasileiro de maneira geral.
Momentos especiais das nossas vidas e acontecimentos históricos costumam ser acompanhados de uma certa simbologia.
O cineasta sueco Ingmar Bergman, por exemplo, disse que a gênese do celebrado filme psicológico “Gritos e Sussurros” partiu de uma simples imagem que, durante meses, o perseguiu sem cessar, continuada e obstinadamente: três mulheres, todas vestidas de branco, que falavam umas com as outras em voz muito baixa, movendo-se numa sala toda encarnada.
Pois o Athletico viveu tremendos sobressaltos depois que o vitorioso técnico foi dispensado e o time campeão praticamente desfeito.
Três técnicos passaram pelo comando depois dele e, agora, Paulo Autuori, o responsável pela recuperação da equipe no Campeonato Brasileiro, mas que não conseguiu evitar os fracassos na Copa Libertadores da América e na Copa do Brasil, informou que deseja prosseguir no clube como manager.
Ou seja, anda cansado de ficar à margem do gramado, ou na boca do túnel como se dizia antigamente, e prefere atuar como dirigente, chefe, consultor ou qualquer título que se pretenda dar ao cargo.
Como Tiago Nunes é um ídolo atleticano e já deu inúmeras demonstrações de capacidade e liderança, seria recomendável que o honorável Mario Celso Petraglia revisse os seus padrões de tolerância e formasse, afinal, a dupla dos sonhos da torcida: Paulo Autuori e Tiago Nunes.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...