Futebol S/A não garante sucesso dentro do campo
Que o futebol mundial está passando por radical transformação não resta nenhuma dúvida.
A questão nuclear é encontrar o equilíbrio entre a paixão e o negócio.
Especialmente no Brasil, um país com excesso de clubes profissionais, criados entre o amadorismo e o profissionalismo incipiente e, agora, com o início da era da absoluta comercialização do espetáculo.
Portanto sem espaço para cartolas amadores ou simplesmente incompetentes.
A lei da sociedade anônima no esporte tem pontos relevantes e positivos, mas alguns aspectos nebulosos que precisam ser entendidos pelos dirigentes dos clubes ainda associativos sem fins lucrativos.
Com o detalhe importante de que o chamado Futebol S/A não garante sucesso dentro do campo.
Uma coisa é vender o departamento de futebol para um investidor; outra, bem diferente, é o investidor demonstrar capacidade de gestão.
Profissionais precisam conhecer o projeto para não terceirizar o amadorismo
Os profissionais contratados pelos grupos de investimentos precisam ser altamente qualificados para a execução do projeto e do planejamento muito bem elaborados para durar, no mínimo, cinco temporadas.
Cuiabá e Red Bull Bragantino, times da Série A do Campeonato Brasileiro, operam como empresas há algum tempo. E com relativo êxito.
Tanto que as duas antigas equipes consideradas pequenas conseguiram manter-se na principal vitrine do futebol nacional e o Bragantino chegou a decidir o título da Copa Sul-Americana com o Athletico.
Para se ter uma ideia da globalização do mais popular esporte do planeta, basta lembrar que a FIFA lançou um site com informações sobre todos os times profissionais do mundo.
Brasil é o país com mais clubes no mundo. Metade não deve sobreviver à era das S/A
É um levantamento completo – chama-se FIFA Professional Football Landscape – através do qual descobrimos que o Brasil é o país com maior número de clubes do mundo: 656. Um excesso, sem dúvida, tanto que se estima que bem mais do que a metade não sobreviverá aos novos tempos do negócio da bola.
Em segundo lugar aparece o México, com 245 times, seguido pela Turquia, com 126, e a seguir a Argentina com 124. A Itália é a quinta da lista com 100 clubes profissionais registrados na sua federação.
Com tudo isso e mais a intensa movimentação do futebol brasileiro em procurar entender a lei do FSA, provocar novos investidores e tentar levar o jogo a sério e com reduzida margem de equívocos, muita água ainda vai rolar por baixo da ponte.
É melhor esperar e aguardar os próximos passos do mercado incandescente em nosso país do velho e bom ludopédio.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...