Futebol há um ano sem torcida, queda técnica e futuro incerto
Jamais o nosso planeta sofreu um processo coletivo de temor e insegurança como esse provocado pela terrível e, aparentemente, incontrolável pandemia do coronavírus.
A população mundial encontra-se ensimesmada.
Nenhum médico, nenhum cientista, ninguém na face da Terra conseguiu explicar de onde surgiu efetivamente a tal Covid-19 e muito menos o que fazer para eliminá-la.
Demonstração de que a sociedade humana evoluiu muito nos últimos 70 mil anos e agarrou-se às religiões nos últimos 5 mil anos.
Construiu cidades, foguetes estelares, bombas nucleares,
remédios maravilhosos, alta tecnologia em todas as atividades, mas está
prostrada diante de um vírus que está destruindo vidas, empregos, empresas,
projetos e mudando comportamentos sociais e profissionais.
O futebol, como não poderia deixar de acontecer, também sofreu os efeitos devastadores do fenômeno que assola quase todos os países com impressionante virulência.
O futebol completou um ano sem torcida nos estádios, os clubes acumulam prejuízos, a queda técnica dos times é notável e o futuro do esporte é incerto.
A ausência de público retirou a alegria das arenas e dos pequenos estádios, da mesma forma que deixou os jogadores com aquela sensação de isolamento pela falta de calor humano.
Pandemia derrubou ainda mais padrão técnico do futebol mundial
Os grandes negócios no milionário mundo do futebol escassearam com a grave crise que se abate sobre todos os clubes. Ao mesmo tempo, observa-se a queda do padrão técnico de quase todas as equipes.
Passes errados, gols perdidos, falhas de goleiros, um rosário de acontecimentos esquisitos tem marcado a maioria dos jogos. Basta recordar a incrível falha dos jogadores da Juventus na formação da barreira no lance que resultou no gol da classificação do Porto para as quartas-de-final da Liga dos Campeões da Europa.
Todos deram aquele pulinho maroto e o batedor da falta teve
a perspicácia de chutar rasteiro, no cantinho, sem chances para o goleiro da
rica equipe italiana eliminada dentro de casa.
Aliás, as eliminações de Juventus e Barcelona serviram para alimentar as suspeitas de que Cristiano Ronaldo e Messi dificilmente conseguirão jogar em alto nível novamente.
Podem criar algumas jogadas geniais, mas coletivamente
sentem o peso da idade e não conseguem mais desequilibrar as coisas a favor dos
seus times.
E não estou falando da penalidade máxima desperdiçada por
Messi, afinal na mesma partida em que o Barcelona foi desclassificado pelo PSG,
ele assinalou um golaço de fora da área.
Mas outras equipes, mesmo classificadas, não conseguem
repetir boas atuações, como reflexo do descompasso provocado pela pandemia.
Com os calendários prejudicados aumentou a sequencia de jogos, com menor espaço de tempo para a recuperação física e aprimoramento técnico dos jogadores.
A conseqüência é o baixo nível técnico que assistimos tanto
nos campeonatos brasileiros, quanto continentais e europeus. Tornou-se raro um
jogo bem disputado e empolgante. Todos jogam no limite do stress físico e
mental.
E o futuro do futebol tornou-se incerto, pois os governos revelam completo despreparo para conter a pandemia e, sobretudo, para dar assistência hospitalar aos contaminados, aumentando, de forma assustadora, o número de vítimas fatais.
O tempora, O mores – reverberava Cícero contra os costumes dissolutos de Roma Antiga. Agora, todos estamos assustados e angustiados esperando pela vacina salvadora. Ó tempo, Ó costumes !
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...